O juiz português do Supremo Tribunal do Vaticano, Mário Rui
de Oliveira, recebeu hoje a notícia da resignação do papa Bento XVI com
"imensa surpresa e admiração", considerando que se trata de "um
gesto de envergadura profética sem precedentes".
"Considero que esta decisão solitária e cheia de graça
do santo padre Bento XVI é um gesto de uma envergadura profética sem precedentes",
afirmou Mário Rui de Oliveira, numa declaração prestada à agência Lusa.
Para o juiz do Supremo Tribunal do Vaticano, que destacou a
"humildade e coragem inaudita" de Bento XVI, "não é certamente
por acaso que um papa tantas vezes apelidado de reacionário, pelas suas ideias
e opções, venha agora a cumprir um dos gestos mais revolucionários da história
eclesiástica".
O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou hoje, durante um
consistório no Vaticano, a sua resignação a partir dia 28 de fevereiro devido
"à idade avançada".
Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março,
disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave
deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.
O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório
XII, no século XV (1406-1415).
Comentário Pessoal:
Não sei a que profecia em concreto se refere, no entanto, que é profético lá
isso é e será! (Daniel 7:25)
O mundo reage à
renúncia do Papa
Cavaco Silva,
Presidente da República
"Quero, nesta ocasião, sublinhar a admiração profunda
do Povo Português por Vossa Santidade e por um magistério que constitui exemplo
de fé e de esperança, na defesa dos valores universais da tolerância e da
paz."
"Recordo, muito especialmente, a Visita que efetuou a
Portugal em Maio de 2010, e os sinais de afeto e carinho de Vossa Santidade
para com o Povo Português que então pudemos testemunhar."
"Reitero o profundo apreço dos Portugueses pela
personalidade ímpar e pela sabedoria inspiradora de Vossa Santidade."
Barack Obama,
Presidente dos EUA
"Em nome de mim próprio, de Michele e dos americanos um
pouco por todo o mundo, gostaria de enviar os nossos agradecimentos e preces a
sua santidade o Papa Bento XVI.
“Apreciei o trabalho que fizemos nos últimos quatro anos.
“A Igreja [Católica] tem um papel crucial nos Estados Unidos
e no mundo e desejamos o melhor aos que em breve vão escolher o sucessor.”
Mario Monti,
primeiro-ministro de Itália
“Estou profundamente abalado por esta notícia inesperada.”
Giorgio Napolitano,
Presidente da Itália
“Este é um acto de grande coragem e grande generosidade, que
merece o maior respeito.”
François Hollande,
Presidente da França
“Não tenho nenhum comentário particular a esta decisão, que
é eminentemente respeitável e que implicará a escolha de um novo Papa. A
República saúda o Papa que tomou esta decisão.”
David Cameron,
primeiro-ministro do Reino Unido
“Envio os melhores cumprimentos ao Papa Bento XVI, após o
seu anúncio de hoje. O Papa trabalhou incansavelmente para o fortalecimento das
relações da Grã-Bretanha com a Santa Sé. A sua visita no ano 2010 é recordada
com grande respeito e afecto. Enquanto líder espiritual de milhões de pessoas,
fará seguramente falta.”
Angela Merkel,
chanceler da Alemanha
“O Papa Bento XVI é e continuará a ser um dos mais
importantes pensadores religiosos do nosso tempo. A opção pela renúncia merece
o meu maior respeito. Muitos compreenderão que até o Papa tem de se sujeitar ao
peso da idade.
Steffen Seibert,
porta-voz do Governo da Alemanha
“Como cristão e católico não posso deixar de me comover com
a decisão do Papa Bento XVI. O Governo alemão tem o maior respeito possível
pelo Santo Padre, pelo que realizou e por todas as contribuições de uma longa
vida em prol da Igreja Católica. Deixa uma marca pessoal como pensador e líder
da Igreja, e também como pastor. Quaisquer que sejam as razões para a sua
decisão, têm de ser respeitadas.”
Justin Welby,
arcebispo de Cantuária e líder da Igreja Anglicana
“Foi com o coração pesado, mas total compreensão, que recebi
a declaração desta manhã do Papa Bento XVI e a sua decisão de renunciar ao seu
ministério como bispo de Roma, um cargo que desempenhou com grande dignidade,
discernimento e coragem.”
Vincent Nichols,
arcebispo de Westminster
“Este anúncio surpreendeu e chocou toda a gente. Mas tenho a
certeza de que todos reconhecerão a grande coragem e a característica clareza
de pensamento e acção do Papa Bento XVI. O Santo Padre conhece bem os desafios
que a Igreja Católica tem de enfrentar e a força e resistência necessárias à
tarefa de governar a Igreja e proclamar os Evangelhos.”
Dimitri Sizonenko,
porta-voz da Igreja ortodoxa Russa
“Não há razão nehuma para esperar uma mudança drástica nas
políticas do Vaticano. Na sua relação com a Igreja Ortodoxa, a Igreja Católica
Romana sempre assegurou a continuidade entre Papas.”
Christine Boutin,
presidente do Partido Democrata-Cristão de França
“É um choque, imenso e extraordinário, para todos os
católicos.”
Yona Metzger,
grão-rabino de Israel
“Durante o seu Papado, houve as melhores relações entre a
Igreja e o rabinato. E esperamos que esta tendência continue. Ele merece muito
crédito pelos avanços no diálogo inter-religioso entre o Judaísmo, o
Cristianismo e o Islão.”
Leonardo Boff, teólogo e uma das
principais vozes da Teoria da Libertação no Brasil,
“A renúncia do Papa é um acto de razoabilidade. Humildemente
deu-se conta dos limites da natureza que o impediam de exercer sua função. Foi
digno.”
“Foi controverso.”
“Bento XVI teve dois pesos e duas medidas. Tratava com luvas
de pelica os reaccionários seguidores de Lefebvre [movimento conservador
católico que contesta algumas das mudanças do Concílio Vaticano II] e nós, da
Libertação [doutrina católica de esquerda que defende a intervenção social dos
católicos], a bastonadas.”
Joseph Daul,
líder do grupo político do Partido Popular Europeu
“Saudamos o Papa Bento XVI pela sua decisão, a sua bondade e
o seu empenho na promoção de valores comuns de paz, liberdade e tolerância em
todo o mundo.”
John Kelly, de um
grupo irlandês de defesa de crianças abusadas
“Este Papa teve a oportunidade de enfrentar décadas de abuso
na Igreja Católica. Prometeu muitas coisas, mas na verdade não fez nada.
Pedimos ao Papa sanções contra as ordens religiosas que
cometeram estes actos e os dirigentes religiosos que permitiram que ocorressem,
mas para nossa desilusão nada aconteceu.
A Igreja deve reconhecer o que se passou. Devem reconhecer
que deixaram o diabo entrar no interior [da Igreja] e o deixaram morar lá
durante 50 anos.”
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