11 de fevereiro de 2013

A resignação de Bento XVI considerada “um gesto de envergadura profética…”

O juiz português do Supremo Tribunal do Vaticano, Mário Rui de Oliveira, recebeu hoje a notícia da resignação do papa Bento XVI com "imensa surpresa e admiração", considerando que se trata de "um gesto de envergadura profética sem precedentes".
"Considero que esta decisão solitária e cheia de graça do santo padre Bento XVI é um gesto de uma envergadura profética sem precedentes", afirmou Mário Rui de Oliveira, numa declaração prestada à agência Lusa.
 
Para o juiz do Supremo Tribunal do Vaticano, que destacou a "humildade e coragem inaudita" de Bento XVI, "não é certamente por acaso que um papa tantas vezes apelidado de reacionário, pelas suas ideias e opções, venha agora a cumprir um dos gestos mais revolucionários da história eclesiástica".
O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou hoje, durante um consistório no Vaticano, a sua resignação a partir dia 28 de fevereiro devido "à idade avançada".
Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.
 
O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).
Comentário Pessoal: Não sei a que profecia em concreto se refere, no entanto, que é profético lá isso é e será! (Daniel 7:25)
 
O mundo reage à renúncia do Papa
 
Cavaco Silva, Presidente da República
"Quero, nesta ocasião, sublinhar a admiração profunda do Povo Português por Vossa Santidade e por um magistério que constitui exemplo de fé e de esperança, na defesa dos valores universais da tolerância e da paz."
"Recordo, muito especialmente, a Visita que efetuou a Portugal em Maio de 2010, e os sinais de afeto e carinho de Vossa Santidade para com o Povo Português que então pudemos testemunhar."
"Reitero o profundo apreço dos Portugueses pela personalidade ímpar e pela sabedoria inspiradora de Vossa Santidade."
 
 
Barack Obama, Presidente dos EUA
"Em nome de mim próprio, de Michele e dos americanos um pouco por todo o mundo, gostaria de enviar os nossos agradecimentos e preces a sua santidade o Papa Bento XVI.
“Apreciei o trabalho que fizemos nos últimos quatro anos.
“A Igreja [Católica] tem um papel crucial nos Estados Unidos e no mundo e desejamos o melhor aos que em breve vão escolher o sucessor.”
 
 
Mario Monti, primeiro-ministro de Itália
“Estou profundamente abalado por esta notícia inesperada.”
 
 
Giorgio Napolitano, Presidente da Itália
“Este é um acto de grande coragem e grande generosidade, que merece o maior respeito.”
 
François Hollande, Presidente da França
“Não tenho nenhum comentário particular a esta decisão, que é eminentemente respeitável e que implicará a escolha de um novo Papa. A República saúda o Papa que tomou esta decisão.”
 
David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido
“Envio os melhores cumprimentos ao Papa Bento XVI, após o seu anúncio de hoje. O Papa trabalhou incansavelmente para o fortalecimento das relações da Grã-Bretanha com a Santa Sé. A sua visita no ano 2010 é recordada com grande respeito e afecto. Enquanto líder espiritual de milhões de pessoas, fará seguramente falta.”
 
Angela Merkel, chanceler da Alemanha
“O Papa Bento XVI é e continuará a ser um dos mais importantes pensadores religiosos do nosso tempo. A opção pela renúncia merece o meu maior respeito. Muitos compreenderão que até o Papa tem de se sujeitar ao peso da idade.
 
 
Steffen Seibert, porta-voz do Governo da Alemanha
“Como cristão e católico não posso deixar de me comover com a decisão do Papa Bento XVI. O Governo alemão tem o maior respeito possível pelo Santo Padre, pelo que realizou e por todas as contribuições de uma longa vida em prol da Igreja Católica. Deixa uma marca pessoal como pensador e líder da Igreja, e também como pastor. Quaisquer que sejam as razões para a sua decisão, têm de ser respeitadas.”
 
Justin Welby, arcebispo de Cantuária e líder da Igreja Anglicana
“Foi com o coração pesado, mas total compreensão, que recebi a declaração desta manhã do Papa Bento XVI e a sua decisão de renunciar ao seu ministério como bispo de Roma, um cargo que desempenhou com grande dignidade, discernimento e coragem.”
 
 
Vincent Nichols, arcebispo de Westminster
“Este anúncio surpreendeu e chocou toda a gente. Mas tenho a certeza de que todos reconhecerão a grande coragem e a característica clareza de pensamento e acção do Papa Bento XVI. O Santo Padre conhece bem os desafios que a Igreja Católica tem de enfrentar e a força e resistência necessárias à tarefa de governar a Igreja e proclamar os Evangelhos.”
 
 
Dimitri Sizonenko, porta-voz da Igreja ortodoxa Russa
“Não há razão nehuma para esperar uma mudança drástica nas políticas do Vaticano. Na sua relação com a Igreja Ortodoxa, a Igreja Católica Romana sempre assegurou a continuidade entre Papas.”
 
 
Christine Boutin, presidente do Partido Democrata-Cristão de França
“É um choque, imenso e extraordinário, para todos os católicos.”
 
Yona Metzger, grão-rabino de Israel
“Durante o seu Papado, houve as melhores relações entre a Igreja e o rabinato. E esperamos que esta tendência continue. Ele merece muito crédito pelos avanços no diálogo inter-religioso entre o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão.”
 
 
 Leonardo Boff, teólogo e uma das principais vozes da Teoria da Libertação no Brasil,
“A renúncia do Papa é um acto de razoabilidade. Humildemente deu-se conta dos limites da natureza que o impediam de exercer sua função. Foi digno.”
“Foi controverso.”
 
“Bento XVI teve dois pesos e duas medidas. Tratava com luvas de pelica os reaccionários seguidores de Lefebvre [movimento conservador católico que contesta algumas das mudanças do Concílio Vaticano II] e nós, da Libertação [doutrina católica de esquerda que defende a intervenção social dos católicos], a bastonadas.”
 
 
Joseph Daul, líder do grupo político do Partido Popular Europeu
“Saudamos o Papa Bento XVI pela sua decisão, a sua bondade e o seu empenho na promoção de valores comuns de paz, liberdade e tolerância em todo o mundo.”
 
John Kelly, de um grupo irlandês de defesa de crianças abusadas
“Este Papa teve a oportunidade de enfrentar décadas de abuso na Igreja Católica. Prometeu muitas coisas, mas na verdade não fez nada.
Pedimos ao Papa sanções contra as ordens religiosas que cometeram estes actos e os dirigentes religiosos que permitiram que ocorressem, mas para nossa desilusão nada aconteceu.
A Igreja deve reconhecer o que se passou. Devem reconhecer que deixaram o diabo entrar no interior [da Igreja] e o deixaram morar lá durante 50 anos.”

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