18 de dezembro de 2009

AGULHAS ATINGIRAM O CORAÇÃO DE MENINO COM 2 ANOS NA BAHIA


SÃO PAULO - Uma das agulhas introduzidas no menino de 2 anos, que está internado em Salvador, transfixou o coração. Segundo os médicos do hospital Ana Neri, o menino teve febre à noite e está com endocardite, uma infecção no coração. A equipe médica não descarta a possibilidade de fazer uma cirurgia de emergência, caso ocorra hemorragia. As informações foram dadas nesta manhã ao programa da apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo. As agulhas foram colocadas pelo padrasto da criança, por vingança .
Quatro das agulhas são as que mais preocupam os médicos por atingir órgãos vitais. Além de duas no coração, existem uma na medula da coluna cervical, dentro do canal, e uma no pulmão. A endocardite foi descoberta nesta madrugada, porque o garoto teve febre na noite de quinta. Segundo os médicos do Hospital Ana Néri, a trajetória da agulha no coração mostra que houve intenção de atingir órgãos vitais.
Um novo boletim médico deve sair no fim da manhã. Apesar da gravidade da situação, o menino conversa e está lúcido. A mãe dele, segundo os médicos, não tem percepção da gravidade da situação do filho.
Nesta quinta-feira, o padrasto do menino, que confessou ter colocado as agulhas , deu detalhes sobre o crime. Roberto Carlos Magalhães, 30 anos, disse que comprava as agulhas e entregava a Angelina Capistana Ribeiro dos Santos, de 47 anos. A orientação para introduzir agulhas na criança teria sido dada por uma mulher que se diz mãe de santo, Maria dos Anjos do Nascimento, de 56 anos. Angelina nega e diz que está sendo acusada injustamente. Os três tiveram prisão preventiva decretada.

O ritual teria sido feito porque Magalhães queria se vingar da companheira, a mãe do menino, com quem vivia há seis meses. Ele disse que levava o menino para a casa de Angelina, onde as agulhas eram introduzidas. O garoto era ainda obrigado a beber a água que tinha sido usada para lavar as agulhas. O padrasto disse que as agulhas foram introduzidas num período de um mês.
Os três acusados tiveram prisão decretada e serão indiciados por tentativa de homicídio. O menino, porém, corre o risco de morrer e poderá ter de passar o resto da vida com algumas das agulhas no organismo.
Além dos órgãos vitais, os médicos devem retirar agulhas do abdômen. Apenas as que não ameaçam a vida da criança devem ser mantidas, para evitar o risco de alguma complicação.
Professora do departamento de cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a médica Simone de Campos Vieira Abib contou que já atendeu uma criança que sobreviveu a um caso semelhante.
Mas a médica afirma que, se o objeto estiver perto de um grande vaso ou órgão, deve ser removido. Ela ressalta que é preciso avaliar o dano que as agulhas causaram, não necessariamente a presença delas no corpo.

 É possível que a retirada delas seja muito mais traumática. É preciso mover tecidos até chegar à agulha, o que danifica as estruturas na tentativa de achá-la dentro de um músculo, por exemplo. Não é só puxar - afirma.

Sem comentários:

Enviar um comentário