Quatro das agulhas são as que mais preocupam os médicos por atingir órgãos vitais. Além de duas no coração, existem uma na medula da coluna cervical, dentro do canal, e uma no pulmão. A endocardite foi descoberta nesta madrugada, porque o garoto teve febre na noite de quinta. Segundo os médicos do Hospital Ana Néri, a trajetória da agulha no coração mostra que houve intenção de atingir órgãos vitais.
Um novo boletim médico deve sair no fim da manhã. Apesar da gravidade da situação, o menino conversa e está lúcido. A mãe dele, segundo os médicos, não tem percepção da gravidade da situação do filho.
Nesta quinta-feira, o padrasto do menino, que confessou ter colocado as agulhas , deu detalhes sobre o crime. Roberto Carlos Magalhães, 30 anos, disse que comprava as agulhas e entregava a Angelina Capistana Ribeiro dos Santos, de 47 anos. A orientação para introduzir agulhas na criança teria sido dada por uma mulher que se diz mãe de santo, Maria dos Anjos do Nascimento, de 56 anos. Angelina nega e diz que está sendo acusada injustamente. Os três tiveram prisão preventiva decretada.
O ritual teria sido feito porque Magalhães queria se vingar da companheira, a mãe do menino, com quem vivia há seis meses. Ele disse que levava o menino para a casa de Angelina, onde as agulhas eram introduzidas. O garoto era ainda obrigado a beber a água que tinha sido usada para lavar as agulhas. O padrasto disse que as agulhas foram introduzidas num período de um mês.
Os três acusados tiveram prisão decretada e serão indiciados por tentativa de homicídio. O menino, porém, corre o risco de morrer e poderá ter de passar o resto da vida com algumas das agulhas no organismo.
Além dos órgãos vitais, os médicos devem retirar agulhas do abdômen. Apenas as que não ameaçam a vida da criança devem ser mantidas, para evitar o risco de alguma complicação.
Professora do departamento de cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a médica Simone de Campos Vieira Abib contou que já atendeu uma criança que sobreviveu a um caso semelhante.
Mas a médica afirma que, se o objeto estiver perto de um grande vaso ou órgão, deve ser removido. Ela ressalta que é preciso avaliar o dano que as agulhas causaram, não necessariamente a presença delas no corpo.
É possível que a retirada delas seja muito mais traumática. É preciso mover tecidos até chegar à agulha, o que danifica as estruturas na tentativa de achá-la dentro de um músculo, por exemplo. Não é só puxar - afirma.
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