25 de dezembro de 2009

COMO CURAR AS NOSSAS MÁGOAS


Quase todas as noites  o pai de Lizzie, ao chegar a casa batia-lhe  nos braços e dos seus irmão irmãos com yn cinto até que cada um começasse a chorar. Ele presumia que eles tinham feito alguma coisa errada naquele dia e que mereciam serem castigados.
Quando Lizzie cresceu, os castigos começaram a ser  mais severos. Se sua mãe alguma vez tentasse interferir, ela seria trancada no quartos.
Numa ocasião, a Assistência Social (órgão do governo) socorreu as crianças. Elas foram distribuídas entre diversas famílias. Lizzie passou de uma casa para outra, sem encontrar carinho e proteção, até que finalmente decidiu fugir desta situação. Desde então ela teve que fazer o melhor que podia por si mesma nas ruas, o seu único consolo vinha do álcool e da droga.
Lizzie, em resumo, foi um caso clássico de alguém sem oportunidades na vida. Sem oportunidade de ter uma vida emocional saudável - ela foi abusada, muito cedo. Sem defesa. Como desenvolveria um sentido de auto-estima enquanto é arrastado de um lar adoptivo para outro? Não dá tempo para absorver valores positivos – a única coisa que se consegue apenas aprender a sobreviver nas ruas.
De algum modo, essa menina superou a adversidade. Alguns anos depois, encontramos Lizzie transformada em Angel Wallenda, a equilibrista que se apresenta para grandes plateias com seu esposo, Steven.
Steven Wallenda era membro da família mais famosa de equilibristas circenses. Quando ele conheceu Lizzie, ele foi imediatamente cativado por sua afectuosa e amigável personalidade. Ela tinha passado por tanta coisa, e ainda olhava para tudo com optimismo. Steven a via como um presente que Deus tinha colocado em sua vida.
Depois do casamento, os dois começaram a praticar juntos números de equilibrismo. Lizzie, agora Angel Wallenda, parecia ter nascido para aquilo. Ela se superava, muito rapidamente, numa arte que requeria física, coragem, graça, e nervos de aço. Steven e Angel começaram a apresentar-se em importantes eventos de circo e em especiais de televisão.
Aquela menina que foi espancada em casa por um pai cruel, mantinha a cabeça erguida, e se movia calma e firmemente sobre o cabo. E ela fazia mais. Angel (nome que ela adotou como artista) também demonstrou extraordinária estabilidade emocional. Quando o câncer ameaçou sua carreira e sua vida, ela não desesperou. Ela lutou, e mostrou-se como uma fonte de energia para o seu esposo.
Quando parte de sua perna teve que ser amputada, ela não desistiu. Lutou para realizar o impossível. Angel tornou-se a única pessoa na história - você acredita? - a se equilibrar sobre um cabo com um membro artificial!
Apesar de todas as provações, Angel tornou-se a adorável mãe de um saudável garotinho. Amigos e familiares maravilhavam-se continuamente com sua graça mesmo sob pressão. Ela foi uma inspiração para pessoas por todo o país que tinham vivido tragédias nas suas vidas.
O seu marido Steven descreve-a desta forma: "Ela dá e se dá. Esta é sua natureza. É a sua beleza. Ele lembra-me aquela passagem da Bíblia de Filipenses 4:7.
Como pode aquela criança maltratada transformar-se na graciosa Angel? Como uma criança sem oportunidades, se transforma num grande sucesso?
E aqueles entre nós que carregam cicatrizes do passado, aqueles entre nós que se sentem prejudicados pelas feridas da infância, também perguntam: - qual é o segredo? Como superar as tragédias na nossa vida?
Parte da resposta, temos que admitir, é simplesmente que Angel Wallenda era um ser humano com uma incrível capacidade de recuperação. Ela possuía uma firme determinação que poucas pessoas possuem hoje.
Mas isso ainda não é tudo. Angel também adoptou certas atitudes que todos nós podemos imitar. Ela teve uma certa perspectiva que nós todos podemos adoptar. Angel decidiu que ela aprenderia com as coisas que lhe tinham acontecido. Não se deixaria abater pelos infortúnios; iria aprender com eles – faria deles uma ferramenta de ensino.
A colega de quarto de Angel no hospital notou que, enquanto ambas eram submetidas ao tratamento, Angel possuía uma experiência que ela simplesmente não tinha. Ela disse: "Havia algo poderoso sobre a maneira como Angel insistia que o câncer não iria arruinar a sua vida - que ela a aproveitaria ao máximo. E via-se, sua companheira disse, que ela falava a serio."
Quando perguntada sobre sua trágica infância, Angel respondia assim: "Isto me tornou mais forte. Se minha vida tivesse sido fácil, eu sei que não superaria o que me está a acontecer agora".
Infelizmente, hoje em dia muitas pessoas, são capazes de passar horas a falar de um pequeno problema que lhes aconteceu. Há pessoas e até dentro da igreja que dão um testemunho de infortúnio que eu penso: Que pena não terem vivido no tempo do apóstolo Paulo? Não ter que comer, não saber onde vai dormir, ser escarnecido.
No dia 7 de Maio, de 1824, um talentoso compositor regia a primeira execução da sua nona sinfonia num teatro de Viena. O auditório estava cheio e a recepção foi entusiástica. Esse homem parecia colocar muita emoção na sua música, de uma maneira apaixonante e heróica. Ao final de um movimento a audiência rompeu-se em estrondoso aplauso.
Mas o maestro simplesmente continuou lá, de costas para a plateia, tranquilamente virando as páginas de sua partitura. Finalmente, uma cantora no palco teve que puxa-lo pela manga e apontar-lhe a plateia. Foi somente então que Ludwig Beethoven, completamente surdo, se virou e curvou-se graciosamente.
Ele não podia ouvir nada dos aplausos. Ele não podia ouvir nenhuma nota do que estava regendo. Mas toda a sinfonia estava lá, na sua cabeça, e ele lhe dava uma dramática e gloriosa expressão.
Beethoven tinha boas razões para apreciar aquela noite inesquecível. De certa forma ele tinha estado compondo contra seu passado, transformando tristeza e desapontamento em algo bonito. Talvez ele se lembrasse de uma cena de anos atrás. Era meia-noite; era ainda um menino e dormia o sono profundo na casa dos Beethoven. O seu pai chegou a cambalear de uma taberna com um colega e asperamente acordou Ludwig. O pai exigiu que ele tocasse piano para seu convidado. E então, e limpando as lágrimas da face, o garoto foi até ao piano e começou a tocar – durante horas.
O pai de Ludwig sabia ser áspero e até cruel com o seu filho. Um colega de infância de Ludwig recorda que seu pai muitas vezes lhe batia para forçá-lo a tocar piano. Alguns acreditam que a surdez de Beethoven pode ter sido o resultado, pelo menos em parte, do abuso que ele recebeu quando criança.
Então, havia muita raiva e ressentimento dentro deste talentoso indivíduo enquanto ele crescia. Mas felizmente ele encontrou uma forma de expressa-los positivamente. Ele superou a prisão de sua surdez. A música de Beethoven não é apenas doçura e leveza. É também, clamor e anseio. Mas ele expressou o mais profundo do seu íntimo; transformou tudo isto num dom, um dom que emocionou profundamente aquela plateia em Viena.
Você sabe, o apóstolo Paulo também tinha marcas em seu próprio passado que ele poderia ter tentado esconder. Ele não se orgulhava de muitas coisas que tinham acontecido na sua vida. Mas ele decidiu ser franco sobre isso; ele recusou-se a negar as marcas. Você pode sentir esta honestidade aqui em II Coríntios 6:11 e 13.
As palavras do apóstolo Paulo são claras. O primeiro passo ao lidar com um passado doloroso é abrir o coração – em vez de se fechar ao redor do ferimento.
Às vezes, em lugar de tentar enterrar as cicatrizes, tentamos manobrar para que outros as assumam.
HÁ muitas formas de chamar a atenção. Culpar outras pessoas pelos nossos sentimentos, em vez de assumir a responsabilidade por eles. Nos tornamos muito dependentes; lutamos arduamente para fazer os outros se sentirem em dívida connosco.
Mas, isto não nos traz nenhum bem. O problema continua sem solução. Toda a manipulação do mundo apenas nos traz de volta ao problema. As cicatrizes permanecem. Não podemos forçar outras pessoas a assumi-las.
Permita-me sugerir uma alternativa prática para a manipulação dos outros. Ela é chamada – perdão. Agora, perdão é uma palavra muito difícil para as pessoas que têm sido abusadas e traumatizadas por alguém. Elas estão muito feridas, e o ofensor raramente está arrependido.
Como perdoar alguém que arruinou toda a sua vida?
E então, precisamos expressar a Deus perdão para o ofensor. Perdão não significa dizer que o ofensor agiu bem. Não significa justificar as acções dele ou dela. O que o perdão significa é isto: libertar o indivíduo da nossa condenação. Decidimos que não continuaremos a carregar um fardo de ressentimento e condenação por toda parte. Vamos entregá-lo a Deus.
Ouça estas maravilhosas palavras do apóstolo Paulo em Efésios (Efésios 4:32)
Como podemos perdoar o ofensor? Somente expressando o perdão que Deus nos dá pregado na cruz orando: "Pai, perdoa-lhe, porque não sabem o que fazem".
O perdão nos liberta do fardo da condenação. Entregamos o ofensor nas mãos de Deus. Impedimos que o ofensor destrua o resto de nossa vida.
Existe um verso familiar em Romanos, (Romanos 8:28)
Deus pode fazer com que todas as coisas contribuam para o bem. Podemos também dizer: Deus faz com que todas as coisas operem para uma dádiva.
Existe uma razão específica porque Deus é especialista neste tipo de trabalho. Ele passou por isto. Deus se dispôs a sofrer o pior que pudesse existir a fim de nos oferecer a maior dádiva.
Ouça a descrição de Paulo sobre o grande acto de Jesus na cruz, em Efésios 5:2
Paul está a falar sobre um horrível instrumento de tortura e humilhação: a cruz romana. Ele está referir-se àquele dia sombrio quando um homem inocente foi açoitado impiedosamente, e escarnecido enquanto o sangue corria pelas suas costas. Ele está a referir-se à ocasião em que o cordeiro de Deus foi levado ao martírio por homens cruéis e insensíveis.
Falar sobre injustiça? Falar sobre as feridas e cicatrizes? Pensemos no que se poderia estar a passar na mente de Jesus enquanto Ele pendia na cruz. Pense nas vozes que ecoavam em sua mente.
Judas cumprimentando-o, traindo-o com um beijo. Os seus três discípulos mais chegados a dormir enquanto ele agonizava no Getsémani. Todos eles fugiram na noite enquanto ele era preso.
A voz de Pedro no pátio negando até mesmo que tivesse conhecido Jesus. As estridentes e frenéticas expressões da multidão gritando, "Crucifica-o! Crucifica-o!" o som da água respingando enquanto Pilatos lavava as mãos declarando: "Estou inocente do sangue deste justo". A zombaria dos sacerdotes rodeando o local da execução.
Jesus poderia ter ficado amargurado com seu sofrimento. Ninguém parecia compreender. Ninguém apreciava o seu infinito sacrifício.
Mas, milagrosamente, Jesus não foi derrotado pela situação. Ele não se envolveu na dor. Em vez disto Ele a transformou tudo numa dádiva. Paulo conta que Jesus "se deu a si mesmo por nós". Ninguém Lhe tirou a vida. Ele deu-a livremente. E como resultado, aquela cena de horror e morte transformou-se numa "oferta e sacrifício perfumado para Deus". Tornou-se a dádiva suprema.
Deus faz com que dádivas inestimáveis apareçam onde menos esperamos. E o Cristo que transformou a cruz de um instrumento de horror num instrumento de salvação pode ajudá-lo . Ele pode transformar as nossas cicatrizes em algo positivo, numa bênção. 

Sem comentários:

Enviar um comentário