18 de abril de 2009

ESTRUTURAS DO ECUMENISMO

O Movimento Ecuménico é hoje um dado adquirido para os cristãos em geral. Afirmou-se primeiro fora da Igreja Católica, mas desde o Vaticano II que os católicos se encontram também empenhados, a todos os níveis, em promover a unidade visível entre todos os cristãos.
Para que o movimento ecuménico passe das intenções à prática pastoral são necessárias algumas estruturas, como é óbvio e diga-se, em abono da verdade que elas estão contempladas e vivamente recomendadas no Directório Católico para o Ecumenismo publicado em 1993. Algumas das estruturas aí previstas são específicas do movimento ecuménico; outras são estruturas da Igreja com objectivos mais vastos, mas às quais é recomendado que introduzam também a preocupação ecuménica. Deixemos estas de lado e fixemo-nos nas primeiras.
O Directório referido lembra a cada bispo a sua obrigação de nomear um Delegado Diocesano para o Ecumenismo, com as funções de animar na diocese esta preocupação e funcionar como conselheiro do mesmo bispo nos assuntos específicos do ecumenismo. Compete-lhe ainda representar a Diocese nos diálogos com outras comunidades cristãs não católicas. Recomenda-se também que em cada Diocese seja criada uma Comissão ou um Secretariado para o ecumenismo, competindo-lhe colaborar com o Delegado Diocesano respectivo na programação e execução de iniciativas várias, além de levar constantemente a preocupação ecuménica às distintas estruturas pastorais da Diocese.
É orientação do mesmo Directório que cada Conferência Episcopal crie a sua própria Comissão Episcopal para o Ecumenismo, constituída por peritos na matéria escolhidos entre o clero, os religiosos e os leigos.
Aponta-se ainda para a criação de organismos ecuménicos supranacionais para cultivarem a dimensão ecuménica nas eventuais colaborações entre as várias conferências episcopais de uma determinada região.
Finalmente, o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos é um dicastério romano que constitui o órgão máximo da Igreja Católica voltado para o Ecumenismo. A este órgão da Igreja Católica corresponde o Conselho Ecuménico das Igrejas, pela parte dos cristãos de tradição protestante.
O diálogo entre estes dois órgãos é constante e faz-se principalmente através de um outro órgão estável chamado "Fé e Constituição".
Por sua vez e só para dar um exemplo das estruturas intermédias supra-nacionais do Ecumenismo, o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) desenvolve contactos ecuménicos regulares com o Conselho das Igrejas da Europa (KEK) Em Portugal, a Comissão Episcopal para o Ecumenismo não foi ainda criada pela Conferência Episcopal Portuguesa.
As responsabilidades estatutárias que lhe competem estão, de momento, confiadas à Comissão Episcopal da Doutrina da Fé.
Por sua vez, pela parte não católica em Portugal, o órgão ecuménico de referência é o Conselho Português de Igrejas Cristãs, com o qual a Comissão da Doutrina da Fé estabelece contactos ecuménicos regulares. A título de exemplo, diga-se que o programa da Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos, que se celebra anualmente de 18 a 25 de Janeiro assim como a publicação do respectivo texto de apoio é da responsabilidade conjunta destes dois órgãos ecuménicos. Todas as dioceses de Portugal, salvo poucas excepções, têm o seu Delegado Diocesano para o Ecumenismo nomeado.
Até este momento foram realizados dois encontros nacionais destes delegados e foi mesmo com base nesta rede que em 1997 se constituiu a delegação portuguesa à II Assembleia Ecuménica Europeia, que teve lugar em Graz (Áustria).
Quanto a secretariados ou comissões diocesanas para o ecumenismo, existem em algumas dioceses e noutras não. A grande referência para a prática do diálogo ecuménico entre nós continua a ser a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, embora outras iniciativas estejam a ser tomadas e levadas a cabo, destacando-se até agora a realização de jornadas ecuménicas nacionais por ocasião do Pentecostes.
Pe. Manuel da Rocha Felício Secretário Com. Episc. Doutrina da Fé

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