Nicolo E. Digirolamo/SSAI/NASA GSFC e Jesse Allen/NASA Earth Observatory |
A superfície da camada de gelo que cobre a Gronelândia derreteu-se numa extensão que nunca tinha sido vista em 30 anos de observações levadas a cabo por satélites. Segundo dados de três satélites independentes analisados pela NASA, a área do degelo aumentou 57 por cento em apenas quatro dias, abrangendo a quase totalidade da ilha. Os especialistas não sabem ainda se se trata de um fenómeno cíclico extremamente raro ou de um sinal das mudanças climáticas causadas pelo homem.
Embora no verão seja habitual o degelo parcial da superfície do gelo da Gronelândia, a escala e a rapidez do que aconteceu este ano surpreendeu e alarmou os cientistas.
Entre 8 e 12 de julho, a área abrangida pelo degelo aumentou de 40 para 97 por cento da camada de gelo, quando o normal é não passar de 55 por cento nos meses de verão.
Cientistas julgaram tratar-se de erro
“Isto é tão extraordinário que num primeiro momento questionei os resultados…”, diz Son Nghiem do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, ” era mesmo real ou devia-se a um erro dos dados?”, interrogou-se o cientista que primeiro se apercebeu do fenómeno ao analisar dados de satélite.
O degelo extremo observado este mês abrangeu inclusivamente o local mais elevado e mais frio da camada de gelo, Summit Station a 3200 metros acima do nível do mar, o que não se verificava desde 1889.
“Quando observamos degelo em locais onde não tinha sido visto antes, ou pelo menos desde há um longo período de tempo, isso faz-nos parar e questionarmo-nos sobre o que se está a passar”, diz Waleed Abdalati, cientista-chefe da NASA, “trata-se de um grande sinal, cujo significado teremos de continuar a estudar nos próximos anos”.
Fenómeno cíclico ou sinal dos tempos?
Segundo este cientista, o facto de um degelo total da Gronelândia já ter acontecido antes, precisamente em 1889 segundo as análises feitas aos núcleos de gelo, leva a que os cientistas ainda não possam determinar se o fenómeno deste ano é um fenómeno raro mas natural ou se foi despoletado pelas alterações climáticas causadas pela atividade humana.
De acordo com a glaciologista Lora Koenig do Centro Espacial Goddard, “os núcleos de gelo de Summit [Station] mostram que os degelos deste tipo ocorrem em média uma vez em cada 150 anos. Como o último ocorreu em 1889, esta ocorrência cabe na escala de tempo prevista”.
“Se continuarmos a observar degelos semelhantes a este nos próximos anos será preocupante”, admite a mesma cientista que faz parte da equipa que está a analisar os dados dos satélites.
Degelo pode ter sido provocado por vaga de ar quente
Os cientistas também não determinaram ainda se este degelo excecional afetará a perda global do volume do gelo para este ano, contribuindo para a elevação do nível dos oceanos.
Este foi o segundo acontecimento invulgar relacionado com o degelo na Gronelândia, nos últimos dias, depois de um icebergue do tamanho da ilha de Manhattan se ter separado do glaciar de Petermann .
Os climatólogo Thomas Molte, da Universidade da Geórgia, admite que o fenómeno pode dever-se a uma frente de ar quente que cobriu a Gronelândia entre 8 e 16 de julho e depois disso se dissipou.
Os cientistas acreditam que desde então, grande parte do gelo da Gronelândia já começou a recompor-se.
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António Carneiro, RTP
Nota pessoal: O degelo extremo observado este mês abrangeu inclusivamente o local mais elevado e mais frio da camada de gelo, Summit Station a 3200 metros acima do nível do mar, o que não se verificava desde 1889. Isto leva-me a pensar a mesma coisa que um visitante desprevenido de uma cultura estrangeira, assim como ao homem que, embora permanecendo na sua própria sociedade, é lançado para o futuro sem aviso prévio. A chegada do futuro sob forma de novidade e mudança torna obsoletas todas as suas rotinas de comportamento penosamente elaboradas. Descobre de súbito, horrorizado, que essas velhas rotinas lhe complicam os problemas, em vez de lhos resolverem. Precisa de tomar decisões novas e ainda não programadas. O pior de tudo é que o mundo se tornou uma aldeia global e ninguém está numa “cultura estrangeira” e aparentemente já nada é “novidade”, tudo vai continuar a ser explicado pelos “cientistas” e a maioria não verá nisto um rumor já previamente anunciado pelo Grande Cientista. Deixa andar! Abraços e até àquele dia, já não falta muito. Graças a Deus!
José Carlos Costa,
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