3 de setembro de 2010

AS TRÊS GRANDES MENTIRAS DE HOLLYWOOD

Encontrei no site Ética na TV um interessante artigo, traduzido por Edda Frost, de um critico de cinema do New York Post, Michael Medved, intitulado “As três grandes mentiras de Hollywood”.
Ele nos conta algo que qualquer um que conhece um pouco os EUA é capaz de perceber: o divórcio do cinema americano com o estilo de vida da nação. Os filmes dão uma ideia falsa do que é os EUA profundo e fazem com que os espectadores de todo o mundo confundam Nova Iorque com o resto do país ou mesmo em pensar que qualquer jovem do Kansas se comporta como uma Britney Spears.
Esse fenómeno hollywoodinano é o que leva a pensar, em especial, nos meios que se contentam com a superficialidade, que o Partido Republicano seja representante de uma minoria nos EUA e que só ganha eleições comprando votos ou sabotando as urnas eleitorais. Se os filmes espelham a realidade norte-americana, então realmente não há outra explicação para o facto dos Democratas não se tornarem o partido único do país.

Como escreveu Medved:
Os produtores de filmes parecem ter prazer em assaltar os valores básicos da família e da decência pelos quais a maioria das pessoas continuam a ter muito apreço. Não é surpreendente que sondagens recentes revelem que a esmagadora maioria dos americanos sente que Hollywood não tem ideia do que são os valores da população americana.
Quando a indústria de entretenimento é colocada contra a parede, a sua justificação baseia-se em três grandes mentiras que o critico norte-americano refuta com conhecimento de causa.

Mentira número 1: “É só entretenimento e não influência ninguém”
Aqui Medved conta que participou de um fórum de discussão com representantes dos três maiores estúdios de Hollywood onde se passou a seguinte cena:
Quando eu critiquei o comportamento irresponsável da indústria cinematográfica, um dos participantes respondeu furioso que Hollywood é sempre acusada pelo mal que faz, mas nunca lhe é dado crédito por seu impacto positivo. “Você tem de concordar que o filme “Lethal Weapon” salvou milhares de vidas.
Eu não me consegui lembrar de alguma mensagem salvadora naquele sangrento “thriller”, então perguntei o que ele queria dizer.
“Bem” ele respondeu: “Naquele filme, pouco antes da cena da grande perseguição, houve um intenso “close-up” de três segundos mostrando Mel Gibson e Danny Glover atando o cinto de segurança.”

É dos tais argumentos que até um simples silêncio refuta. Michael Medved aponta com precisão a contradição desse raciocínio: Ele estava a sugerir que as pessoas imediatamente imitariam o que viram por três segundos, mas os restantes super violentos 118 minutos do filme, não teriam qualquer influência. Não é esta uma contradição ilógica e absurda?
Jack Valenti, presidente da “Motion Picture Association of America”, afirmou, então, que os seus filhos, quando jovens, viram muitas cenas de violência na TV e conseguiram preservar os seus valores.

Nós todos já ouvimos alguma versão deste argumento, mas o alvo está errado. Só porque não influência toda a gente, não significa que não influencie ninguém. Quando um anúncio comercial aparece na TV ninguém espera que o produto vá ser vendido a todos. Se um comercial influenciar uma pessoa em 1000 é considerado um sucesso. Do mesmo modo, se a TV e o cinema influenciarem uma pessoa em 1000 a comportarem-se de modo irresponsável e destrutivo o que é frequentemente, pela média, então essas imagens terão profundo impacto na sociedade.
Michael Medved se refere ainda que há mais de 60 estudos organizados por grandes universidades provando que longas exposições a imagens violentas na TV são capazes de alterar o comportamento das pessoas, tornando-as mais agressivas. O mesmo, digo eu, pode-se aplicar à cenas de imoralidade sexual.

Mentira número 2: “Nós só reflectimos a realidade. Não nos culpe; culpe a sociedade”
Com a palavra, Michael Medved: Se isto fosse verdade, então por que tão poucas pessoas testemunham assassinatos na vida real, mas todos nós os vemos na TV e nos filmes? O mais violento gueto não está em South Central Los Angeles, nem em Southeast Washington D.C.; está na TV.

Quando se trata de mostrar comportamento sexual há uma descontinuidade semelhante. Uma pesquisa da “Planned Parenthood” (Paternidade Planeada, [organização pelo aborto]) mostra que todos os anos, no horário nobre da TV há 65.000 referências sexuais. No entanto, um estudo do “Center for Media and Public Affairs”, mostrou que 7 em 8 encontros sexuais na TV envolvem relações extra maritais.


(...) O sociólogo da UCLA James Q. Wilson apontou um facto curioso: em ruas de cidades com vidros quebrados e não repostos, a criminalidade aumenta muito. A janela quebrada anuncia ao público: “Aqui não há autoridade, os valores estão quebrados, não há consequência. Hoje, televisão e cinema se tornaram gigantescas janelas quebradas para o mundo. Um retrato da vida sem padrões, sem disciplina, sem consequência, mandando a mensagem de que reina o caos.

Mentira número 3: Nós damos ao público o que ele quer. Se as pessoas não gostam, podem desligar.
(...) A última parte da mentira que diz: “Se você não gosta, desligue” tem a mesma lógica que “Se você não gosta da poluição pare de respirar”. Você pode não ouvir a cantora Madona. Você nunca escolheu colocar Madonna na sua mente, mas certamente você sabe quem ela é, e por que razão ela é famosa. Cultura popular está por toda parte, é como o ar que respiramos. Por isso é que a mensagem da cultura pop é uma questão de meio ambiente.

(...) O acumulo desse material tem tremendo impacto nas nossas vidas. Por isto é que nestes tempos em que demandamos que as empresas sejam responsabilizadas por poluir o ar e as águas, em que banimos fumar em lugares públicos e temos tido resultados, é apropriado pedir que as empresas de entretenimento mostrem responsabilidade por poluir a atmosfera cultural que todos respiramos.

Sem comentários:

Enviar um comentário