28 de junho de 2013

Prelado da Cúria Romana detido em investigação ao Banco do Vaticano

 

Prelado da Cúria Romana detido em investigação ao Banco do Vaticano
REUTERS/Chris Helgren
Um prelado da Cúria Romana, um membro dos serviços secretos italianos e um intermediário financeiro foram detidos esta sexta-feira em Itália, no quadro de uma investigação ao Banco do Vaticano. O prelado detido, Monsenhor Nunzio Scarano, trabalhava como contabilista na administração financeira do Vaticano e tinha sido suspenso das suas funções há cerca de um mês, depois de se tornar arguido numa outra investigação sobre branqueamento de capitais que decorre na sua cidade natal, Salerno.
O monsenhor Nunzio Sacrano, foi detido pela polícia financeira numa paróquia dos arredores de Roma. Inicialmente, os media italianos tinham-no identificado como sendo o bispo de Salerno, mas posteriormente a notícia foi corrigida. O título de monsenhor é uma designação honorífica, atribuída a um padre devido à sua antiguidade na Santa Sé.

As detenções do prelado e dos outros dois homens inserem-se num inquérito judicial ao Instituto para as Obras de Religião (IOR), ou Banco do Vaticano. Segundo o canal de TV Sky TG-24, os três são suspeitos de fraude e corrupção.
Lavagem de dinheiro
De acordo com a agência de notícias italiana ANSA, o inquérito que levou às detenções prende-se com o repatriamento para Itália de vinte milhões de euros em dinheiro, que estavam depositados na Suíça.

Os vinte milhões em causa pertenceriam a amigos do monsenhor Scarano. O  funcionário da contraespionagem italiana teria sido encarregado de trazer o dinheiro de volta para Itália, a bordo de um avião privado e mediante uma recompensa de 400.000 euros.

O inquérito judicial, lançado em fevereiro de 2010, tinha inicialmente como alvo o presidente do Instituto para as Obras de Religião, Ettore Tedeschi e o então diretor-geral, Paolo Cipriani, acusados de terem violado a legislação sobre o branqueamento de capitais. A investigação levou ao bloqueio de dezenas de milhões de euros e à demissão da direção da IOR.
Santa Sé não comenta
Interrogado pela agência France Press, o porta-voz do Vaticano, padre Frederico Lombardi explicou que o monsenhor Nunzio Scarano, membro da Administração do Património da Sé Apostólica (APSA), foi suspenso das suas funções “há cerca de um mês, quando os seus superiores souberam que estava a ser alvo de uma investigação”. O porta-voz recusou-se a fazer outros comentários sobre a questão que é “do foro da justiça italiana”.

Na investigação paralela que decorre em Salerno, Scarano é acusado de se ter retirado de uma conta do Banco do Vaticano cerca de 600.000 euros em dinheiro, em vários levantamentos que geralmente rondavam os 10.000 euros, e ter passado o dinheiro a amigos, que em troca lhe davam cheques. O prelado depositava então os cheques num banco italiano, para o pagamento de uma hipoteca.
Uma história de escandalos
Ao longo dos anos, o Banco do Vaticano tem sido utilizado por organizações criminosas que utilizam o anonimato e recorrem a “testas de ferro” para lavagem de dinheiro.

O escândalo mais importante ocorreu em 1982, com a falência do Banco Ambrosiano, de que o IOR era um dos principais acionistas.

O colapso desta instituição bancária, com perdas superiores a três mil milhões de dólares envolvia a CIA e a loja maçónica P2 (Propaganda Due), ligada à extrema-direita e a vários casos nebulosos da política italiana. O presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado numa ponte em Londres, no que foi considerado um assassínio disfarçado de suicídio. Calvi tinha relações próximas com o Vaticano.

Outro escândalo, o caso Enimont, reporta-se a 1993 e envolvia doações ilegais de dinheiro a partidos políticos italianos. Mais recentemente, o tribunal de Roma detetou casos de branqueamento de capitais mafiosos, através dos sistemas sigilosos da IOR. O conselheiro da Autoridade de Informação Financeira, Rene Brülhart, que supervisiona o Instituto de Obras de Religião, revelou que seis transações suspeitas foram detetadas em 2012.

Papa Francisco quer apurar alegações de ilegalidades
Até há pouco tempo atrás, o Banco do Vaticano recusava-se a cooperar com as autoridades italianas que investigam crimes financeiros, invocando o estatuto de Estado Soberano da cidade do Vaticano, mas o Papa Francisco dá sinais de estar determinado a apurar até às ultimas consequências as alegações de corrupção e lavagem de dinheiro que envolvem a IOR.

A detenção do monsenhor Scarano e dos outros odis suspeitos ocorre um dia depois de o Vaticano ter anunciado que o Papa Francisco instituiu uma comissão especial de inquérito ao Instituto para as Obras de Religião. Os membros dessa comissão apenas respondem pessoalmente ao Papa.

O novo presidente do Instituto para as Obras da Religião, o alemão Ernst Von Freyberg, nomeado pouco dias depois da demissão do anterior Papa Bento XVI, mandou verificar, uma por uma, as contas do IOR pela agência americana de consultores financeiros Promontory.

O IOR gere cerca de 19.000 contas bancárias, pertencentes, na sua maioria ao clero católico, envolvendo cerca de sete mil milhões de euros, bem como as transferências de dinheiro das congregações religiosas.
 
Nota pessoal: Finalmente, um Papa com coragem. Já não era sem tempo! AS coisas vão mudar...mas os maldizentes já andam a propalar que o papa Francisco está a fazer estas coisas de investigar o Banco do Vaticano (IOR), só para desviar as atenções do vaticangay!!! Homessa!
José Carlos Costa
 
 

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