Imagem do vídeo (DR)
Se as autoridades alemãs tivessem autorizado a exibição pública do vídeo idealizado por Marcelo Rebelo de Sousa e realizado pelo social-democrata Rodrigo Moita de Deus teriam dado aos alemães a oportunidade de conhecer um Portugal para além dos números e da dívida externa. A nega alemã, que não terá gostado do retrato do seu país pouco solidário, não foi um impedimento para que o proposto por Marcelo vídeo caísse no YouTube.
A ideia era que o filme, que tem como nome “Eu sou um berlinense” e que em cinco minutos retrata a realidade portuguesa desde o 25 de Abril, fosse exibido em locais públicos este fim-de-semana, antes da visita de Angela Merkel a Portugal. A proposta foi rejeitada mas agora no YouTube foi publicado em três versões (português, inglês e alemão) para que todos o possam ver. As visualizações, comentários e partilhas nas redes sociais já se multiplicam.
De forma a mostrar aos alemães que Portugal é um país com um povo empenhado, o vídeo começa por lembrar as conquistas do pós-25 de Abril como a diminuição da taxa de analfabetismo, a diminuição da taxa da mortalidade infantil, o aumento da escolaridade obrigatória ou o aumento da esperança média de vida.
E logo a seguir são referenciadas as relações com a Alemanha. “Temos um dos melhores parques automóveis da Europa, do qual 41,3% é alemão. Instalamos uma das maiores redes de abastecimento de carros eléctricos da europa fornecidas por uma empresa alemã mas ainda estamos à espera que a Alemanha nos venda os cabos eléctricos”, diz-se no vídeo. E vai mais longe: “Gastámos mil milhões de euros em dois submarinos de última geração… Submarinos alemães”.
E para concluir a relação entre os dois países fazem-se as contas às trocas comerciais: “três mil milhões de euros para a Alemanha”. Mesmo assim, reforça o vídeo, foram cortados em Portugal ordenados, pensões, prestações socias, organismos públicos, e subiram-se os preços, a idade de reforma, os transportes públicos e “tudo o que mexe”.
E ainda se trabalha mais por cá, garante o vídeo. Ou seja, os portugueses trabalham mais horas, têm menos dias de férias e menos feriados e ganham em média metade do que ganham os alemães. “Mas eles devem saber que trabalhamos”, diz-se no vídeo, que lembra os 150 mil portugueses que vivem na Alemanha.
Passando uma mensagem clara da falta de solidariedade dos alemães. O vídeo termina lembrando que em 1990 a “Alemanha declarou que a sua antiga divida externa tinha caducado” e “os portugueses não contestaram”. “Em 2005, a Alemanha infringiu os limites do défice e a União Europeia perdoou-lhe as sanções. Os portugueses não só não contestaram como apoiaram a decisão”. Porquê? Por saber que não “era justo pedir ao povo alemão que trabalhasse ainda mais, pagasse ainda mais impostos”.
Conclusão: “Na Europa os muros de Berlim acabaram em 1989."
Comentário pessoal: A crise económica está apenas a começar. E se nenhum grande programa planetário for rapidamente posto em prática, essa crise afetará profundamente a maior parte das empresas, consumidores, trabalhadores, os que necessitam de crédito, os que detém poupanças, as nações. Em alguns países a crise vai degenerar numa crise social e política.
A questão é: Que se seguirá?
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