17 de janeiro de 2015

Papa: "Não se pode provocar nem insultar a fé das outras pessoas"

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Depois de ter condenado os ataques terroristas da semana passada em França, referindo-se aos seus responsáveis como "fundamentalistas religiosos", o Papa Francisco quis deixar claro, nesta quinta-feira, que no seu entender há limites para a liberdade de expressão e que "ninguém pode insultar a fé das outras pessoas".

A bordo do avião que o levou do Sri Lanka até às Filipinas, para uma visita de cinco dias, Francisco disse que "todas as religiões que respeitam a vida e a pessoa humana têm dignidade", quando questionado por um jornalista francês sobre a liberdade religiosa e os limites da liberdade de expressão.

Na pergunta de Sebastien Maillard, do jornal La Croix, não estava nenhuma referência directa aos ataques terroristas contra o jornal Charlie Hebdo e uma mercearia kosher em Paris, mas o Papa fez questão de sublinhar que era sobre isso que ia falar: "Falemos com clareza. Vamos falar sobre o atentado em Paris."

"A liberdade religiosa e a liberdade de expressão são ambos direitos fundamentais", começou por dizer o Papa, antes de proferir uma outra declaração definitiva: "Não se pode matar em nome de Deus. Matar em nome de Deus é uma aberração."

Apesar de tudo, defendeu o Papa Francisco, há limites para a liberdade de expressão: "Temos a obrigação de dizer a verdade abertamente, mas sem ofendermos."(1)

Para o líder da Igreja Católica, ninguém pode estranhar que se responda com violência quando se "ridiculariza as religiões dos outros", um argumento que ilustrou com a ajuda de Alberto Gasbarri, responsável pela organização das visitas papais.

"É verdade que não devemos reagir com violência, mas se o dr. Gasbarri, que é um grande amigo, ofender a minha mãe, deve estar preparado para levar um soco. É normal. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros. Não se pode ridicularizar a religião dos outros", afirmou o Papa Francisco.

"Há muita gente a difamar as religiões, a ridicularizar as religiões dos outros, e isso provoca as
pessoas", reforçou. "Há um limite. Todas as religiões que respeitam a vida e a pessoa humana têm dignidade. E eu não posso brincar com ela. É um limite."

Na segunda-feira, o líder da Igreja Católica tinha comentado os ataques terroristas da semana passada sem qualquer referência ao tema da liberdade de expressão.

"Ainda antes de eliminar seres humanos em assassinatos horríveis, o fundamentalismo religioso elimina o próprio Deus, transformando-o num mero pretexto religioso", disse o Papa Francisco na Santa Sé.

Na primeira edição depois do massacre de quarta-feira da semana passada, o jornal satírico Charlie Hebdo voltou a pôr na primeira página uma caricatura do profeta Maomé, mas também reservou espaço para referências à Igreja Católica e ao Papa Francisco.

O novo director, Gérard Biard, assina um editorial repleto de críticas ao que considera ser a hipocrisia de algumas reacções após o ataque terrorista, e diz que o maior motivo de riso na redacção foi o facto de os sinos da catedral de Notre Dame terem repicado em honra do jornal.

"Na última semana, o Charlie, um jornal ateu, fez mais milagres do que todos os santos e profetas juntos", escreve Biard, sublinhando, com ironia, que o jornal conquistou "muitos novos amigos".

O editorial termina com uma referência directa ao Papa, lembrando a entrada de oito mulheres do movimento feminista Femen na Catedral de Notre Dame, em Fevereiro de 2013, num protesto que serviu para marcar a renúncia do Papa Bento XVI: "Queremos enviar uma mensagem ao Papa Francisco, que também 'é Charlie' esta semana: não aceitamos que os sinos de Notre Dame repiquem em nossa honra a não ser que sejam tocados pelas activistas da Femen."

NOTA PESSOAL: Gostamos da entrevista do Papa Francisco sobre os atentados em Paris. Estamos de acordo palavra a palavra com o que disse o líder da igreja romana. Receamos uma frase que sublinhamos a vermelho e é a seguinte: "Temos a obrigação de dizer a verdade abertamente, mas sem ofendermos."(1)
A questão é sem “ofendermos” os muçulmanos sentem-se ofendidos pelas caricaturas a Maomé… certamente têm razão! Lembro um episódio relativamente recente em que um “pastor” dava pontapés numa imagem da virgem Maria. Creio que isso é uma ofensa à sensibilidade de cristãos que veneram a virgem Maria. Mas, muitos dirão: Maomé não é um santo e tem escritos que incitam à violência. Outros dirão a ofensa não foi à virgem Maria mas uma “imagem que não deve ser adorada.” É vaga essa afirmação é uma verdade que pode ser relativizada e convenhamos, a igreja romana tem ao longo dos séculos relativizado muito. Deixem que vos lembre em dois trechos essa realidade:
“Os valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a obter a tradução das Sagradas Escrituras. Centenas de anos antes da Reforma, possuíam a Bíblia em manuscrito, na língua materna. Tinham a verdade incontaminada, e isto os tornava objeto especial do ódio e perseguição. Declaravam ser a Igreja de Roma a Babilónia apóstata do Apocalipse, e com perigo de vida erguiam-se para resistir a suas corrupções. … Durante séculos de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e guardavam o verdadeiro sábado. Sob as mais atrozes tempestades da oposição conservaram a fé. Perseguidos embora pela espada dos saboianos (França) e queimados pela fogueira romana, mantiveram-se sem hesitação ao lado da Palavra de Deus e de Sua honra.” Grande Conflito p. 65.2
Uma outra tão esclarecedora como esta: “Quando as igrejas do nosso país, ligando-se em pontos de doutrinas que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que imponha seus decretos e lhes apoie as instituições, a América Protestante terá então formado uma imagem da hierarquia romana. Então será a verdadeira igreja assaltada pela perseguição, como o foi o antigo povo de Deus.” {HR 381.2}
Não será uma blasfémia mudar o sábado para o domingo?
Não será um engano diabólico ensinar que a alma é imortal?
As Santas Escrituras, dizem o contrário, tanto em um caso como no outro!
Se uma igreja se levanta e proclama estas VERDADES não será isto considerado “ofensa” pela igreja romana?

José Carlos Costa

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