O recente conflito se iniciou após uma ação do exército
israelense próximo aos territórios palestinos na região, e despertou
especulações por parte de lideranças evangélicas e teólogos a respeito de um
significado maior em termos de profecias bíblicas.
A Redação do Gospel+ entrou em contato com o teólogo
Alexandre Milhoranza para expor as nuances teológicas do conflito e esclarecer
pontos importantes para a compreensão do assunto.
Segundo Milhoranza, “o conflito árabe-israelense reacende a
antiga visão de Israel, como povo escolhido de Deus, na consumação final do
Reino de Deus na terra. Esta é uma visão herdada equivocadamente do Antigo
Testamento”, introduz o teólogo, que explica seu conceito: “Digo
equivocadamente pois no Antigo Testamento não há o conceito do estabelecimento
do Reino de Deus, pois este está sempre presente (Sl. 103:19; Sl. 145:11-13).
No Antigo Testamento, Deus é o soberano da criação com domínio irrestrito sobre
tudo e sobre todos, de acordo com a visão hebraica”.
Com o Novo Testamento, inicia-se uma nova fase, que embora
não seja alvo de muitas discordâncias na análise teológica, representa aspectos
importantes para a compreensão a partir do ponto de vista bíblico: “No Novo
Testamento vemos João Batista anunciando a vinda iminente do Reino de Deus.
Este inclusive foi o tema central da pregação de Jesus, que o anunciava como
uma realidade presente e manifestada em sua própria pessoa e nos milagres
realizados por ele. Estes podem ser considerados aspectos já presentes na
realidade do Reino de Deus e, até aqui, não há tantas controvérsias sobre este
assunto. Este é o chamado “já” na teologia sobre o Reino de Deus”, explica
Alexandre Milhoranza.
As controvérsias surgem com a interpretação apenas em sentido
literal das profecias: “O problema surge quando consideramos os aspectos
futuros do estabelecimento do Reino de Deus, o famoso “ainda não”. Neste ponto
muitos se dividem entre associar, ou não, a Igreja com Israel e suas promessas.
O grande problema de algumas linhas teológicas é interpretar as profecias,
especialmente as de Apocalipse, num sentido estritamente literal. Neste ponto
há uma distinção radical entre Israel e a Igreja, forçando o cumprimento
literal de todas as profecias do Antigo Testamento sobre Israel”, diz o
teólogo, dando dimensão da complexidade do assunto.
Para Milhoranza, essa linha de pensamento é falha e mantém
seus adeptos reféns de cálculos que geram especulações sobre os sinais dos
tempos e consequentemente, a respeito da volta de Cristo: “É aqui, que esta
linha de interpretação ao meu ver falha, pois nem os apóstolos interpretaram as
profecias do Antigo Testamento literalmente. Os teólogos que são adeptos dessa
teoria ficam escravos dos cálculos históricos e qualquer acontecimento político
no Oriente Médio torna-se motivo para mais especulações escatológicas. Não
creio que deva ser este a razão de ser da Igreja, mas fazer como o próprio
Jesus afirmou: ‘O reino de Deus é chegado a vós’”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
REFEXAO PESSOAL: Permitam meus amigos que a Bíblia resolva
este problema, simples e de forma transparente.
1-
Lembre-se, quando Jesus veio a primeira vez, o seu
próprio povo não compreendeu corretamente as profecias sobre o Seu reino. Eles esperavam
ansiosamente que ele fosse estabelecer literalmente um reino terreno. Jesus tentou
explicar que a sua primeira vinda era para estabelecer um reino espiritual. Ele
disse: “…Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui!
Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”. (Lucas 17:20-21.)
2-
Eles tentaram tornar as profecias espirituais literais,
e as suas expectativas foram esmagadas pela cruz. Eles lamentaram: “nós
esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel”. (Lucas 24:21). Mesmo
depois da sua ressurreição, os discípulos ainda estavam agarrados a estes
pontos de vista populares e na esperança de um reino iminente e literal. “Então
os que estavam reunidos lhe perguntaram: “Senhor, é neste tempo que vais
restaurar o reino a Israel?” (Atos 1:6 NVI).
3-
Cerca de 800 aC, o Senhor falou através do profeta Oseias,
dizendo: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”.
(Oseias 11:1). No entanto, por esta altura a nação de Israel não conseguiu viver
o significado espiritual de seu próprio nome. Este versículo em Oseias eclode
com enorme importância em apenas um momento, quando olhamos para o Novo
Testamento.
4-
Mateus escreve que o menino Jesus permaneceu no Egito “até
à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor
pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho” (Versículo 15). Note que Mateus
está a citar Oseias 11:1, que originalmente se refere à nação de Israel saindo
do Egito, mas agora ele declara a profecia “cumprida” em Jesus Cristo! Aqui
Mateus está a revelar um princípio verdadeiramente chocante que ele desenvolve
em todo o Evangelho.
5-
O apóstolo Paulo também seguiu o princípio da aplicação
das declarações originalmente feitas sobre a nação de Israel a Jesus Cristo.
Deus chamou Israel de “o meu primogénito” em Êxodo 4:22. No entanto, Paulo
disse que era Jesus Cristo, “o primogénito de toda criatura”. (Colossenses
1:15).
6-
O exemplo mais claro de todos eles é onde Deus chamou Israel
de “semente de Abraão”. Isaías 41:8. No entanto, Paulo escreveu mais tarde que
a semente de Abraão não se referia a “muitos”, mas sim a “um … que é Cristo”.
(Gálatas 3:16). Assim descobrimos que repetidamente no Novo Testamento,
declarações que originalmente eram aplicadas à nação de Israel são aplicadas a
Jesus Cristo. O Messias é agora “a semente”. Portanto, Jesus é a própria
essência de Israel! Esta é uma verdade explosiva!
7-
Por exemplo, o Senhor havia dito aos antigos
israelitas: “E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.”
(Êxodo 19:6). No Novo Testamento, Pedro aplica estas palavras exatas para a
igreja: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, um
povo peculiar”. (1 Pedro 2:9).
8-
De acordo com o Novo Testamento, há agora duas nações
(etnos). Um grupo é composto de israelitas literais (Israel histórico) “segundo
a carne” (Romanos 9:3-4). O outro é o (Israel espiritual), composto de judeus e
gentios que crêem em Jesus Cristo.
9-
Paulo escreveu: “nem todos os de Israel são, de fato,
israelitas” (Romanos 9:6). Ou seja, nem todos são parte do Israel espiritual de
Deus que é a nação literal de Israel. Paulo continuou, “não são os filhos
naturais [descendentes físicos de Abraão], que são filhos de Deus, mas os
filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão.” (Romanos
9:8).
10- Nunca
se esqueça de que “… nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romanos
9:6). “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos
gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.” (Filipenses 3:3).
José Carlos Costa, pastor
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