Ex-presidente Fidel Castro conversa com Bento XVI no encerramento da visita do papa a Cuba |
Havana (AE) - O papa Bento XVI pediu ontem, no final da sua viagem à América Latina, maior liberdade para a Igreja Católica Romana em Cuba, durante uma missa assistida por centenas de milhares de pessoas na Praça da Revolução, no centro de Havana, na qual denunciou o "fanatismo" que tenta impor sua verdade sobre os outros. Após a missa, Bento XVI teve um rápido encontro com o ex-presidente cubano Fidel Castro, de 85 anos. O reverendo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, descreveu como "muito cordial" a reunião entre os dois.
As críticas politizadas que o papa fez ao regime cubano foram um golpe quase direto ao governo, mas ele também pediu o fim do isolamento de Cuba, numa referência indireta ao embargo que os Estados Unidos mantém ao país caribenho há mais de 50 anos. "Cuba e o mundo precisam de mudanças, mas isso só acontecerá se cada um estiver na posição de buscar a verdade e escolher o caminho do amor, da reconciliação e da fraternidade", disse Bento XVI, observado ao longe pelo retrato de Che Guevara que domina a enorme praça.
Não está claro como a mensagem de Bento XVI foi compreendida pelos cubanos comuns. Apenas 10% da população da ilha se declara católica romana. Muitos disseram ter sido difícil entender o discurso do papa, cheio de referências a passagens da Bíblia. "Eu não entendi essa missa. Não fui educado nessas coisas e não sei nada sobre religião", disse Mario Méndez, um estudante de comunicação de 19 anos.
Bento XVI não citou o governo cubano diretamente, mas pediu no discurso às autoridades que dêem mais liberdade à Igreja Católica, como por exemplo a permissão de ensino religioso nas escolas e universidades - algo que é proibido em Cuba desde 1959. Analistas acreditam que o presidente cubano Raúl Castro poderá permitir algumas concessões após a visita papal - em 1998, após a visita de João Paulo II a Havana, seu irmão Fidel permitiu que o Natal voltasse a ser comemorado em Cuba.
O pontífice pediu a Raúl Castro que a comemoração da sexta-feira de Páscoa volte a ser permitida em Cuba. Raúl não respondeu mas prometeu pensar no assunto. Mais tarde, Bento XVI se reuniu com Fidel. Em um artigo publicado na imprensa local, Fidel Castro escreveu: "receberei com alegria sua excelência, o papa Bento XVI, como fiz com João Paulo II, homem cujo contato com crianças e pessoas humildes gera sentimentos de afeição. É por isso que decidi pedir alguns minutos de seu curto tempo quando soube, pelo ministro de Relações Exteriores Bruno Rodriguez, que ele estaria disposto a isso.
Asservatore Romano/AP/AEFonte
Nota: Em termos históricos, bíblicos ou proféticos é o momento do século, tal como foi o de João Paulo II com o governante polaco Lech Walesa. Voltaremos necessáriamente a este assunto.
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