16 de novembro de 2014

Vladimir Putin recebido com frieza e desdém na cimeira do G20

Primeiro-ministro do Canadá fez questão de dizer ao Presidente russo que só lhe apertou a mão porque isso faz parte do protocolo. Ucrânia dominou primeiro dia da cimeira que decorre até domingo na Austrália, mas Kremlin nega saída antecipada de Putin.

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Poucos esperariam uma recepção calorosa a Vladimir Putin na cimeira do G20, mesmo debaixo do calor abrasador de Brisbane, na Austrália, mas as palavras do primeiro-ministro do Canadá esfriaram ainda mais qualquer hipótese de abertura diplomática: "Parece que vou ter de lhe apertar a mão, mas só tenho uma coisa a dizer-lhe: você tem de sair da Ucrânia", disse Stephen Harper.

O desconforto com a presença do Presidente da Rússia foi tão notório que a agência Reuters chegou a
avançar que Vladimir Putin decidira abandonar os trabalhos do G20 mais cedo do que o previsto, saltando por cima do pequeno-almoço oficial de domingo.

A informação foi avançada pela Reuters com base numa fonte não identificada da comitiva de Putin, mas acabou por ser desmentida pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov: "Isso é mentira. O Presidente [Vladimir Putin] vai participar em todos os eventos do G20."

Nem as fotografias tiradas ao lado do primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, cada um com um sorriso nos lábios e um koala ao colo, chegaram para atenuar a frieza da recepção. Na quinta-feira, confrontado com pedidos para impedir a presença de Putin na cimeira, o anfitrião australiano disse que não podia tomar decisões unilaterais, mas prometeu que iria ser muito duro com o Presidente russo, recorrendo a uma expressão típica do futebol australiano – shirtfront, uma investida violenta com o ombro contra o peito do adversário com o único objectivo de o derrubar.

"Vou derrubar o sr. Putin, podem ter a certeza disso. Vou dizer ao sr. Putin que cidadãos australianos foram assassinados por rebeldes apoiados pela Rússia, com equipamento militar fornecido pela Rússia", disse Tony Abbott, referindo-se ao abate do avião da Malaysia Airlines no espaço aéreo ucraniano no dia 17 de Julho. A seguir à Holanda e à Malásia, a Austrália foi o país que mais cidadãos perdeu no voo – 27 das 298 vítimas mortais.

O primeiro dia da reunião do G20 acabou por ser dominado pela crise na Ucrânia, apesar de o tema não fazer parte da ordem oficial de trabalhos.

No encontro em Brisbane, o primeiro-ministro australiano queria manter a agenda colada às medidas de crescimento económico e de liberalização do comércio mundial, mas a tentativa de escapar ao dilúvio de temas como a Ucrânia, a epidemia do ébola e as alterações climáticas revelou ser uma tarefa condenada ao fracasso.

A informação de que Vladimir Putin iria abandonar mais cedo a cimeira do G20, entretanto desmentida pelo Kremlin, começou a circular após uma reunião tensa com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

De acordo com o relato do enviado do jornal The Telegraph, Cameron disse a Putin que ele se encontra numa "encruzilhada" e que arrisca ter de enfrentar em breve um novo pacote de sanções internacionais. Durante o encontro, que durou cerca de 50 minutos e que o jornal britânico descreveu como "robusto", o Presidente russo reafirmou que o seu país não tem qualquer envolvimento directo na guerra no Leste da Ucrânia, onde já morreram mais de 4000 pessoas desde Abril.

Para além do encontro com David Cameron, Vladimir Putin conversou também com o Presidente francês, François Hollande, e teve de ouvir as esperadas reprimendas do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da chanceler alemã, Angela Merkel.

Obama afirmou que os Estados Unidos estão na linha da frente da oposição à "agressão da Rússia contra a Ucrânia, que representa uma ameaça para o mundo", e Merkel indicou que a lista negra da União Europeia (UE) com nomes de responsáveis russos poderá ser alargada no início da semana.

Sobre a possibilidade de a UE endurecer as sanções já aplicadas aos sectores financeiro, energético e de armamento da Rússia (algo que parece pouco provável no futuro imediato), Vladimir Putin deixou um aviso, numa entrevista ao canal público alemão ARD: "Se cortarem os recursos das nossas instituições financeiras, elas terão de emprestar menos dinheiro a empresas russas que trabalham com parceiros alemães. Mais cedo ou mais tarde, [as sanções] começarão a afectar tanto o vosso país como o nosso."

Na mesma entrevista, Putin afirmou que pretende normalizar as relações com os seus "parceiros, incluindo os Estados Unidos e a Europa", mas voltou a argumentar que o cerco à economia russa pode ter efeitos positivos para o país a longo prazo: "Aquela vida confortável, em que tudo o que precisávamos de fazer era produzir mais petróleo e gás e comprar tudo o resto, é uma coisa do passado. Agora temos de pensar em produzir os nossos próprios bens, não apenas petróleo e gás."
ALEXANDRE MARTINS 15/11/2014 - 14:06 (actualizado às 18:24)

Nota pessoal: Será o início da 2ª Guerra Fria? Eu não sei e por isso não vou opinar.
Tanto quanto parece e olhando os acontecimentos do mundo por fora, entendam, quem é que sabe o que se passa lá dentro? Parece que isto vai de mal a pior! Se me perguntassem antes do que se tem passado na Ucrânia e continua a passar, se tal possibilidade de 2ª guerra fria era possível. Eu diria: NÃO!
Mas não há dúvida que o sr Putin deu um passo maior que as pernas. E agora?
Anda por aí a sobrevoar os países sem capacidade de reacção como os nórdicos, reino unido e claro Portugal.
Será isto para assustar os Estados Unidos e Vaticano os dois mais poderosos estados do mundo? Ou terá isto o efeito de os enervar?
Se pensarmos que foi o Papa João Paulo II que deitou o muro de Berlim abaixo e desmoronou o grande poder soviético. Vejo que estamos aqui nos bastidores de Rumores do Fim.
Acreditem em mim.
Abraço.

José Carlos Costa

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