Há já alguns anos, o Living Word Christian Center (Centro Cristão
da Palavra Viva), uma igreja evangélica de Mineápolis realizou sua primeira
“noite de homenagem a Israel”, para que – nas palavras de Tim Burt, um pastor
ligado à igreja – cristãos “demonstrassem seu amor e apoio a Israel e o povo
judeu”.
Mas três líderes judeus locais foram até ele e perguntaram o
que havia por trás daquele evento. “Eles tiveram muita dificuldade em acreditar
que não havia outra motivação por trás disso, além do amor por Israel”,
explicou Burt.
Na última semana, Burt e um grupo de 130 evangélicos de
Minnesota e do Texas passaram uma noite muito especial com o primeiro-ministro
israelense Binyamin Netanyahu. “Obrigado por defender Israel,” disse o
primeiro-ministro às 800 pessoas que haviam-se reunido em Jerusalém para a
conferência deste ano dos Cristãos Unidos por Israel (CUFI, na sigla em
inglês), uma associação evangélica norte-americana pró-Israel.
Há seis anos, o CUFI estava sendo criado. Hoje, com um
milhão de membros, é de longe o maior grupo de defesa pró-Israel nos Estados
Unidos. Existem agora 50 milhões de cristãos evangélicos nos Estados Unidos,
muitos deles também fortemente pró-Israel. Em uma pesquisa do Pew Research
Center, publicada no início deste mês, 40% dos evangélicos brancos afirmaram
que os Estados Unidos “não dão apoio suficiente” a Israel (apenas 17% dos
protestantes tradicionais brancos e 14% dos católicos concordaram).
Mas todo o apoio é bem-vindo? Embora Netanyahu tenha
abraçado o apoio de grupos cristãos sem muito alarde, nem todos os israelenses
são tão optimistas. Alguns questionam os motivos religiosos dos membros do CUFI
– “Quando é que começarão com o proselitismo?” – ou estão preocupados com suas
políticas, especialmente sua resistência para assumir um compromisso a respeito
do conflito israelense-palestino.
É verdade que John Hagee, fundador e líder do CUFI, não é um
homem de nuances. Quatro anos atrás, ele afirmou que Hitler era um “caçador”
enviado por Deus para perseguir os judeus da Europa e “mandá-los de volta para
a terra de Israel”. Esta declaração fez com que John McCain, então candidato à
presidência, rejeitasse o apoio de Hagee. Com base em sua leitura das
escrituras, Hagee se opõe a uma solução de dois Estados. Ele não quer que
Israel abra mão da Terra Santa pela paz.
Hagee diz que apoia Israel. Mas ele poderia também apoiar um
governo de esquerda israelense? Para isso, sua resposta é sempre: Israel está
livre para tomar suas próprias decisões. Caso se veja em desacordo com as
políticas do país, ele afirma que encontrará outras maneiras de expressar seu
apoio. Doando a hospitais ou comunidades carentes em Israel, por exemplo.
Alguns continuam cépticos e dizem que há um preço a ser pago
pela associação com os evangélicos. Yossi Sarid, um comentarista de esquerda
israelense e ex-líder do partido Meretz, escreveu, no ano passado, que Hagee,
Glenn Beck e “seu enxame” são “anti-semitas, que não são sequer conscientes do
seu anti-semitismo e a extensão de sua feiura”.
Os fundadores da CUFI parecem inabaláveis. “Depois de dois
mil anos de anti-semitismo cristão, é muito difícil para os judeus acreditarem
que os cristãos subitamente abraçaram o filos semitismo de uma forma honesta e
sincera”, diz David Brog, diretor executivo do CUFI. “E se eles mudaram, o que
impede então que mudem de volta?”
Essa é uma boa pergunta, e a obstinação do CUFI diante da
suspeita constante pode ser a melhor resposta a ele. Se Hagee ama tanto assim
os judeus, talvez eles devessem encontrar uma maneira de amá-lo de volta.
NOTA: A maneira como os protestantes em geral estão apoiando
Israel tem uma explicação - a interpretação distorcida das profecias
escatológicas do AT. Enquanto um pequeno número de protestantes ainda mantém a
interpretação historicista da Reforma (que vê o cumprimento das profecias
escatológicas do AT sobre Israel em Cristo e por extensão em Sua Igreja) a
maioria dos protestantes (seduzidos pelas armadilhas teológicas dos jesuítas)
abraçaram o Dispensacionalismo (que vê o cumprimento das profecias
escatológicas do AT sobre Israel no Estado literal de Israel). Para esses,
apoiar fortemente Israel é uma questão de provar seu próprio ponto de vista.
Sem esse apoio que os protestantes estão oferecendo a Israel, o Vaticano jamais
alcançaria seu objetivo de jogar os muçulmanos contra os judeus e protestantes,
para enfraquecer ambos os lados e reassumir a supremacia mundial outrora
perdida.
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