Portugal em 2061
Chego hoje aos 85 anos – quem diria! – e dou por mim a olhar para recortes de jornais antigos. Um sentimental? Talvez. Mas sobretudo um patriota – e 2011 foi o princípio do nosso fim como país soberano. Não me queixo: viver numa região subsidiada desta República Europeia é melhor do que a incompetência rigorosamente nacional da minha juventude. Mas confesso espanto com este longínquo 2011: o país estava falido e a economia moribunda, depois de seis anos de um governo desastroso.
Mas o mais divertido é que na Primavera desse ano os portugueses ainda acreditavam que José Sócrates era a resposta para o problema que ele próprio criara; e os comentadores, perante uma herança de ruína, passavam o tempo a falar de um tal Fernando Nobre (quem seria?) e de encontros secretos entre Sócrates e um rapaz chamado Coelho, que foi nosso primeiro-ministro antes de Bruxelas instituir de vez os governadores-gerais. Sócrates terminaria os seus dias exilado em Caracas, coitado. Nunca soube o que foi feito deste Coelho, mas a minha neta assegura-me que há uma rua com o nome dele em Massamá.
Por: João Pereira Coutinho, Colunista
Correio da Manhã
Nota: Pela ideia e actualidade; há algo sério "os governadores gerais", neste dias virá Jesus.
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