10 de novembro de 2010

AUMENTA O NÚMERO DE MORTES POR CONSUMO DE COCAÍNA

As mortes provocadas pelo uso de cocaína estão a aumentar na Europa, tal como o consumo em alguns países, segundo o relatório anual do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT).

Estas são algumas das principais conclusões do relatório apresentado hoje, quarta-feira, em Lisboa, que destaca que o número de mortes associadas ao consumo de cocaína se situa em mil por ano, mas que no Reino Unido, por exemplo, o número subiu de 161 em 2003 para 325 em 2008.

Uma análise mais aprofundada revela que "muitas mortes causadas pela cocaína podem nunca chegar ao conhecimento da polícia ou aos peritos da polícia científica devido à forma como se apresentam e ao perfil social das vítimas".

"Ainda há demasiados europeus que consideram o consumo de cocaína como um complemento relativamente inócuo de um estilo de vida bem sucedido", afirmou o diretor do OEDT, Wolfgang Götz, que destaca a necessidade de alertar para o facto de a cocaína provocar mortes "mesmo quando consumida ocasionalmente e em pequenas doses".

É que de um modo geral, as mortes provocadas pela cocaína só são contabilizadas em caso de ingestão massiva, quando na realidade a maioria das mortes associadas à droga são provocadas por acidentes cardiovasculares ou cerebrovasculares, especialmente quando os consumidores já têm problemas desses foros, agravados muitas vezes pelo consumo de álcool e tabaco.

De acordo com os números do relatório, 14 milhões de europeus já consumiram cocaína, dois milhões no último mês. Em 2008, cerca de 70 mil europeus começaram tratamento por problemas de consumo de cocaína, quer em pó quer na forma "crack", destinada a ser fumada.

Dinamarca, Reino Unido, Irlanda, Espanha e Itália são os países afectados "desproporcionadamente" pelo consumo de cocaína, segundo o relatório.

O Reino Unido apresenta a maior prevalência de consumo entre os jovens dos 15 aos 34 anos, com mais de seis por cento de utilizadores, seguido pela Espanha, com cerca de 5,5%.

Portugal está em 16.º lugar numa lista de 28 países - incluindo o Canadá e os Estados Unidos - com cerca de 1,2% de utilizadores entre os 15 e os 34 anos.

Outro factor de mortalidade entre os consumidores de cocaína tem a ver com os "agentes de corte" misturados com a droga para aumentar a rentabilidade, um dos quais - o levamisol - é muito usado nos Estados Unidos e tem efeitos prejudiciais para a saúde quando consumido prolongadamente.

O OEDT salienta também no seu relatório que as formas de tráfico de cocaína estão cada vez mais sofisticadas, com o hidrocloreto - o pó - dissimulado em materiais de "transporte" como cera de abelhas, roupa ou plástico, sendo depois extraído em laboratórios na Europa.

Em 2008, houve mais de 96 mil apreensões de cocaína na Europa, notando-se algum aumento nos países da Europa Central e Oriental.

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