Segue-se a verdade inconveniente: permanecem, neste momento, em todo o mundo, mais de 950 milhões de famintos. Quase 100 vezes a população de Portugal. Homens, mulheres e crianças que acordam e adormecem, em pleno século XXI, sem terem o suficiente para comer, sem forças para trabalhar, incapazes de romper a armadilha de pobreza em que nasceram ou foram apanhados.
E o escândalo é tanto maior quanto a FAO denuncia: a fome não resulta da incapacidade de obter alimentos suficientes para alimentar toda a população mundial. Os alimentos existem. Falta apenas a vontade política de os fazer chegar a quem deles precisa. Não há um problema de produção mas de simples distribuição de alimentos.
Ou seja, a fome no mundo só não acaba porque, resolvido o problema económico, as lideranças mundiais não conseguiram ainda resolver o problema político, passando das palavras aos actos.
Mesmo a meta modesta (acordada no seio da ONU no quadro dos Objectivos do Milénio) de redução da população pobre de 20 para 10% até 2015, nos países em desenvolvimento, corre o sério risco de não ser cumprida.
O que é facto indiscutível resume-se ao pensamento para justificar a pobreza com as palavras de Jesus: "Sempre tereis os pobres convosco, e quando quiserdes, podeis fazer-lhes o bem, mas a mim nem sempre tereis" (Mc 14, 7; Mt 26,11). Esta afirmação tem sido citada como justificação para manter o estado da pobreza, como autorização de Jesus Cristo a resignar-se perante os pobres. Ora esta citação não manifesta nenhuma declaração de Jesus sobre a pobreza como um factor social permanente. Jesus não justifica a miséria. O que se sublinha é o carácter efémero da permanência de Jesus entre eles. Passados uns dias já não podiam fazer-Lhe bem, mas tinham muita oportunidade para tratar dos pobres. A união íntima entre o serviço a Cristo e o serviço aos pobres está presente no Evangelho.
Devo registar uma palavra de grande admiração a uma ONG – ADRA que actua em mais de 120 países; com um simples mote: “Transformando o mundo, uma vida de cada vez.” Recolhem nos países mais favorecidos e estão presentes nos países, junto das pessoas, nos lugares mais pobres da terra. São em muitos lugares da Terra “as mãos auxiliadoras de Deus”, não olham a raça, nem a religião, não se envolvem em críticas nem em politicas. Têm um plano dar peixe e ensinar a pescar. Cada um de nós pode fazer alguma coisa. Procure a ADRA que fique mais perto de si e seja uma mão auxiliadora!
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