16 de junho de 2010

RESPOSTA/SENTENÇA DO INQUISIDOR-MOR, Dr. Orlando Fedeli

Muito prezado e reverendo Padre Pedro Apolinário,
Salve Maria.
(foto Dr. Orlando Fedeli)
Muito obrigado por suas palavras que nos incentivam a prosseguir nesta luta em defesa da Fé e da Igreja Católica, fora da qual não há salvação.
Atendo seu pedido cheio de zelo e de caridade por esse herege que lhe está perguntando.
(nota pessoal: este homem desconhece que a salvação se encontra únicamente em Cristo).

- Primeira pergunta do herege:
"A Domingo que a Igreja Católica guarda é de origem pagã, é em adoração ao deus sol. Sunday "dia do sol" venha do inglês, pois vem DO LATIM. Pois é, os romanos dedicavam ao deus-sol era o "dies solis", daí que no inglês foi traduzido por Sunday, assim como no alemão, Sonntag, e no holandês Zondag.

Era o "dia do sol" que foi transformado no domingo pela cristandade apóstata de Roma porque temiam a perseguição do imperador Adriano a partir de 135 contra os judeus. Os cristãos de Roma queriam ser "politicamente corretos", daí que para serem menos e menos semelhantes aos judeus começaram a mudar práticas religiosas que os identificassem com os judeus, e uma das mudanças ocorridas foi a data da Páscoa, de 14 de Nisã para o "domingo de Páscoa". Isso gerou inclusive a famosa "controvérsia quatrodecimana".

Resposta:
É completamente falso que foram os cristãos de Roma que, para agradar aos romanos pagãos, teriam adotado o dia do sol -- o domingo -- como dia dedicado ao culto.
Cristo ressuscitou no Domingo, os Apóstolos e discípulos reuniam-se no Domingo, e, portanto, o Domingo obedece o preceito divino e aperfeiçoa sua obediência ao separar a Antiga Aliança (preparatória) da Nova Aliança selada por Cristo, e por consagrar a Deus não o último, mas o primeiro dia da semana.
Se o você ler bem o texto dos Atos dos Apóstolos, verá que lá está escrito que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana:

"No primeiro dia da semana, tendo-nos nós reunidos para a fração do pão (...) (Atos dos Apóstolos, XX, 7).

E São Paulo, escreveu:
"No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte e junte o que lhe parecer..." (I Cor, XVI, 2).

E no Apocalipse, diz São João:

"Um dia de domingo, fui arrebatado" (Apocal. I, 10).

São João morreu nos anos 90. Santo Inácio de Antioquia, no ano 107, diz aos cristãos de seu tempo que "de nenhuma maneira os cristãos devem sabatizar". São Justino, no ano 152, diz que os cristãos festejavam o primeiro dia da semana e não o sábado. (Apologia). E Tertuliano, lá pelo ano 200, diz que os cristãos festejavam o dia da Ressurreição de Cristo, que foi no domingo.
A Didaché, que é um dos documentos mais antigos da era cristã diz:

"No dia do Senhor (no domingo) reuni-vos todos juntos para a fração do pão E dai graças (oferecendo a Eucaristia) depois de confessar os vossos pecados para que vosso sacrifício seja puro" (Didaché, XIV).

E o historiador romano Plínio, em carta ao imperador Trajano, no ano 96, escreveu: "Os cristãos tem um dia fixo para reunir-se e louvar o seu Deus".

Como o senhor vê, Padre, não faltam provas históricas de que os primeiros cristãos guardavam o domingo e não o sábado.
Já no Antigo Testamento mesmo, em que se considera como dia do descanso às vezes o PRIMEIRO, às vezes o OITAVO DIA! Veja Levítico XXIII, 36, sobre a festa da Expiação: Deus reserva o oitavo, e não o sétimo dia ao descanso:

"E durante sete dias oferecereis holocaustos ao Senhor; o dia OITAVO será também soleníssimo e santíssimo, e oferecereis um holocausto ao Senhor, PORQUE É DIA DE AJUNTAMENTO E ASSEMBLÉIA; NÃO FAREIS NELE OBRA ALGUMA SERVIL.".

Aliás, todo o trecho que vai do versículo 23 até o final do capítulo (XXIII), mostra que o dia santificado é ora o primeiro, ora o oitavo, mostrando que o espírito da lei (descanso e santificação) não se prende ao nome do dia (sábado).

- Segunda Pergunta do herege protestante:
a)Porque o Catolicismo deixa de fora o 4o. mandamento (do decálogo bíblico, não o do decálogo falsificado dos catecismos católicos) [Neste ponto ele acusa a santa igreja de adulterar o decálogo]
b) Porque o Catolicismo inclui o 4o. mandamento, mas fazendo com que o domingo tome o lugar do sábado?
OU
c) Porque o Catolicismo inclui o 4o. mandamento, mas como um princípio vago, voluntário e variável, que tanto faz ser seguido literalmente como a Bíblia diz, no sétimo dia como Memorial da Criação, ou cada qual podendo escolher o tempo que mais lhe convier (ou a seu empregador) para dedicar a Deus.

Resposta:
Esse pobre homem nem sabe qual é o quarto mandamento (Honrar pai e mãe) e o confunde com o terceiro que manda guardar um dia da semana para Deus. Deus é o Senhor da vida e dos tempos. Devemos a Ele todos os dias que vivemos. Por isso, Deus exigiu que, dando-nos seis dias, reservássemos um só dia para Ele, para significar que reconhecíamos ser Ele o Senhor da vida e dos tempos.
O terceiro mandamento, guardar um dia da semana e dedicá-lo a Deus não mudou, permanece, pois nem um jota da lei será mudado. Sábado quer dizer descanso, e por isso confundia-se a lei com o costume, o ritual mosaico.
O dia da semana em que se dará o descanso é acessório, e não fundamental, prova disso são as festas celebradas em outros dias da semana no Antigo Testamento mesmo, em que se considera como dia do descanso às vezes o PRIMEIRO, às vezes o OITAVO DIA!
Também havia outras cerimônias rituais que foram abolidas, porque eram apenas símbolo de verdades mais elevadas, e que foram cumpridas no sacrifício de Cristo. Assim todos os sacrifícios de animais pelos levitas e a Páscoa foram substituídos pelo sacrifício único de Cristo, renovado todos os dias na Missa. Assim também as purificações e outros rituais foram abolidos para dar lugar a uma compreensão superior da pureza e da virtude, onde os dez mandamentos poderiam já serem condensados em apenas dois, que sem anular o decálogo, o resumem e o aprimoram: Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. Eis o resumo de todos os 10 mandamentos. Estes precisavam ordenar explicitamente o que os dois "novos" apenas sugerem, pois a Nova Aliança é superior à Antiga.
Portanto, a lei imutável diz que se deve dar um dia a Deus, mas qual dos sete dias da semana é uma questão ritual. Como Cristo instituiu uma Nova e Eterna Aliança com os homens através de seu precioso sangue derramado na cruz, era conveniente que um novo dia fosse utilizado como dia de descanso, para diferenciar da Antiga Aliança.

- Pergunta final do Herege protestante:
d) Porque o Catolicismo exclui as regras de restrições alimentares sobre carnes imundas?

Resposta:
Tudo o que Deus fez é bom, em si mesmo, pois que Deus sendo infinitamente bom, nada podia fazer de mal ou de errado. Por essa razão, lemos no Gênesis:
"E Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas" (Gen. I, 31).
Por isso, Santo Agostinho comenta:
"Se se pergunta sobre o porco e o cordeiro, um e outro são limpos por natureza, posto que todas as criaturas de Deus são boas; porém, por motivo de certo significado, foi declarado puro o cordeiro e impuro o porco, como se disséssemos sábio e nécio" (Santo Agostinho, Contra Fausto, apud São Tomás, Suma Teológica, I, IIae, Q. CII, a. 6 ad 1).

No Antigo Testamento, Deus proibiu que se comessem certos animais, classificados como impuros, por razões simbólicas ou de higiene, ou ainda porque eram animais sacrificados aos ídolos.
Na Sagrada Escritura se lê:
"A própria visão desses animais não mostra nada de bom neles, porque foram excluídos da aprovação e da bênção de Deus" (Sab. XV,19).

Isto significa que, após o pecado de Adão, alguns animais, pelo seu formato, e por sua maneira de atuar, simbolizaram certos pecados, enquanto outros, pelo seu aspecto e pelo seu comportamento, simbolizam virtudes.
Você me pergunta sobre a proibição do Antigo Testamento de se comer carne de porco.
Esse animal era sacrificado aos ídolos, e transmite facilmente doenças. Mas a razão principal de sua proibição para os judeus era o seu símbolo.
O porco tem uma dobra no pescoço, que o obriga a olhar só para baixo; esse animal só olha para o chão. Deste modo, ele simboliza aqueles que só têm olhos para o que é terreno, só para o que é vil, só para a lama, e jamais olham para o céu.
Pois não há homens que são assim? Homens que só olham para a lama, e jamais para as estrelas? Por isso jamais se viram porcos fazer poesias, exceto em nosso século maldito, ateu e pornográfico.
A serpente representa a traição embora ela nunca tenha assinado um tratado com os homens. Ela é um animal repugnante, porque lembra o demônio. Como o diabo, a cobra embora viva, é fria como um cadáver. Ela tem língua dupla, como o demônio, que diz a mentira e a verdade, mas esta só para enganar. E ela se aproxima coleando, como faz aquele que se aproxima com intenção de enganar. Seu caminho não é reto.
Deus proibiu aos judeus, no Antigo Testamento, que comessem animais ruminantes cujo casco não fosse fendido, como acontece com o camelo. Só se podiam comer ruminantes cujo casco fosse fendido, como o boi, por exemplo.
Por que isso?
Porque a ruminação é símbolo da meditação. Do mesmo modo que o ruminante mastiga várias vezes o seu alimento, assim também quem medita, faz o bom pensamento voltar várias vezes à mente, para melhor aproveitá-lo. Mas, a meditação deve ser feita dos dois Testamentos, e não só de um. Por isso, era proibido comer o ruminante que não tivesse casco fendido em dois, pois representava o homem que rejeitava um dos dois Testamentos.
Cristo comparou os bons ao sal e à luz:

"Vós sois o sal da Terra e a luz do mundo" ( M. V, 13).

Por que essa comparação?
O sal é que permite a vida das plantas que, por meio de suas raízes, o sugam diluído na água que se infiltra na terra. É o sal que mantém a vida das plantas, e assim ele simboliza o bem. Os judeus deveriam ter sido o sal da terra, mas renegaram essa missão ao recusarem a Cristo. Os Apóstolos, o clero, os bons são o sal da terra.
A luz é o que permite ver os objetos e reconhecê-los. Assim, a luz é símbolo da verdade que permite, de fato, ter o conhecimento das coisas. A verdade é a luz do intelecto. Os Apóstolos, os sacerdotes devem ser a luz do mundo, pela difusão da verdade católica.
Ora, a lesma -- que é um animal nojento -- detesta a luz, e morre se se lhe joga sal sobre o corpo, transformando-se como que num escarro. Daí o nojo que nos é causado pela lesma: ela detesta o sal e a luz, como os maus detestam a virtude e a verdade.
E o morcego é um rato que voa -- como o diabo -- vive de cabeça para baixo, e vive do sangue alheio. Daí, ele representar o pecador que vive às custas do bem alheio, ou aquele que inverte a verdade e a mentira, como o morcego inverte a luz e as trevas. E não há tantos que consideram a Idade Média como a Idade das trevas, quando ela foi apaixonada pela luz? O gótico era um estilo que tinha como fim e fundamento a luz. E foi a Idade Média que fundou as Universidades, espalhando a luz do saber na terra. E, entretanto, muitos professores de História, agem como morcegos chamando a Idade Média de Idade das trevas.
Contra esses tais, está escrito:
"Ai de vós os que ao mal chamais bem, e ao bem, mal, que tomais as trevas por luz, e a luz por trevas, que tendes o amargo por doce, e o doce por amargo" (Is. V, 20).

E como esta maldição cai perfeitamente para os teólogos modernistas e progressistas!
E o leão representa a grandeza não só por Deus lhe ter dado uma juba gloriosa, mas porque deu a ele um defeito precioso na vista, que só lhe permite ver coisas grandes, e não as pequenas, para ensinar aos homens que não devem dar importância a ninharias.
No Novo Testamento, depois de consumada a Redenção, Deus deu uma visão a São Pedro, fazendo-o ver um lençol que descia do céu, contendo toda espécie de animais, puros e proibidos. E São Pedro ouviu a voz de Deus que lhe dizia: "Mata e come". E quando São Pedro contestou: "Jamais comerei o que Deus chamou de impuro", a voz de Deus três vezes lhe disse: "Não chames de impuro, o que Deus purificou" (Atos X, 15).
Desse modo, Deus ensinou que as proibições de comer certos animais estavam superadas e abolidas, porque a realização da Redenção tornara sem necessidade as proibições meramente simbólicas, porque onde há a realidade, desaparece o símbolo delas.
Esperando tê-lo atendido, Padre, e rogando a sua bênção sacerdotal, subscrevo-me atenciosamente,
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli

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