Toda avaliação posterior ao irrompimento estatelante da crise financeira mundial, dificilmente se desvencilha daquela máxima de que os agentes económicos agem dadas expectativas de um rumo racional da economia. E de que sua ação agregada em certas direções leva à formação de bolhas, que serão maiores ou menores de acordo com a percepção de sinalização da aproximação de um ponto de inflexão. A sublimação de capital, resultante do desmantelamento deflacionário do valor de mercado dos ativos, cujo epicentro é o sistema financeiro e bancário, evidenciam que a estabilidade aparente camuflava a iminência de fissura desse sistema. Todos perderam e perderão ainda mais, não se sabe quanto, mas o fato inegável é que há muito vinha se colhendo em uma seara não razoável, o que faz com que as perdas venham a se configurar até certo ponto como ajustes dos ciclos económicos.
A sofisticação do sistema financeiro se já é por um lado, há algum tempo, medida do grau de desenvolvimento da economia de um país, por outro, foi justamente a medida também de quanto seria afetado pela crise. Não deixa de ser irônico que, muito talvez como resquício do temor imposto por um passado de descontrole inflacionário, o descompasso brasileiro no cenário mundial quanto à concessão de crédito e especialmente a fortificação de regulamentações que cerceia as operações financeiras por aqui, tenha resguardado o país de um baque de maiores proporções. Nos EUA, a quebra tanto de bancos quanto de fundos de hedge desencadeou pânico dado quão intrincadas eram suas operações de alavancagem e suas múltiplas relações com o lado real da economia. O mercado financeiro anabolizou a economia até uma situação insustentável, pois muito distante da realidade.
Ph.D. pela Universidade de Harvard, o economista americano Hyman Minsky, contribuiu ao longo de sua carreira acadêmica substancialmente para a discussão sobre o mercado financeiro e a teoria monetária. A partir da década de 60 do século passado, Minsky formulou e aperfeiçoou sua “hipótese da instabilidade financeira”. Desde o Financial Times e a The Economist até mesmo a The New Yorker, bem como as publicações nacionais, têm trazido em suas páginas centrais e seus artigos de destaque explanações sobre como a tese de Minsky é aplicável à tentativa de explicação da crise. Durante o ciclo virtuoso de crescimento ancorado nas formulações de um mainstream do pensamento econômico, que defendia o equilíbrio e a eficiência do mercado como verdades técnicas resguardadas sob uma aura de hermética abstração, sua perspectiva analítica foi negligenciada mais do que deveria, como hoje se percebe. No afã de garantir crédito, optou-se pela securitização desenfreada, lançando títulos, muitos deles podres, passados pra frente aumentando a circulação financeira e seu volume, e o que é pior: com uma excelente avaliação de risco.
O endividamento, incluindo os juros, começa factível, mas então insere-se numa espiral que separa diametralmente a capacidade de honrá-lo, do montante distribuído em derivativos. E num dado momento em que a estrutura de tão grande torna-se tão frágil, a contestação da viabilidade de obter liquidez leva ao pânico, ou como vem se usando desde a crise financeira da Rússia em 1998, ao “momento minsky”.
A sofisticação do sistema financeiro se já é por um lado, há algum tempo, medida do grau de desenvolvimento da economia de um país, por outro, foi justamente a medida também de quanto seria afetado pela crise. Não deixa de ser irônico que, muito talvez como resquício do temor imposto por um passado de descontrole inflacionário, o descompasso brasileiro no cenário mundial quanto à concessão de crédito e especialmente a fortificação de regulamentações que cerceia as operações financeiras por aqui, tenha resguardado o país de um baque de maiores proporções. Nos EUA, a quebra tanto de bancos quanto de fundos de hedge desencadeou pânico dado quão intrincadas eram suas operações de alavancagem e suas múltiplas relações com o lado real da economia. O mercado financeiro anabolizou a economia até uma situação insustentável, pois muito distante da realidade.
Ph.D. pela Universidade de Harvard, o economista americano Hyman Minsky, contribuiu ao longo de sua carreira acadêmica substancialmente para a discussão sobre o mercado financeiro e a teoria monetária. A partir da década de 60 do século passado, Minsky formulou e aperfeiçoou sua “hipótese da instabilidade financeira”. Desde o Financial Times e a The Economist até mesmo a The New Yorker, bem como as publicações nacionais, têm trazido em suas páginas centrais e seus artigos de destaque explanações sobre como a tese de Minsky é aplicável à tentativa de explicação da crise. Durante o ciclo virtuoso de crescimento ancorado nas formulações de um mainstream do pensamento econômico, que defendia o equilíbrio e a eficiência do mercado como verdades técnicas resguardadas sob uma aura de hermética abstração, sua perspectiva analítica foi negligenciada mais do que deveria, como hoje se percebe. No afã de garantir crédito, optou-se pela securitização desenfreada, lançando títulos, muitos deles podres, passados pra frente aumentando a circulação financeira e seu volume, e o que é pior: com uma excelente avaliação de risco.
O endividamento, incluindo os juros, começa factível, mas então insere-se numa espiral que separa diametralmente a capacidade de honrá-lo, do montante distribuído em derivativos. E num dado momento em que a estrutura de tão grande torna-se tão frágil, a contestação da viabilidade de obter liquidez leva ao pânico, ou como vem se usando desde a crise financeira da Rússia em 1998, ao “momento minsky”.
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