A detenção de Dieudonné e os limites da liberdade de
expressão
Rushdie: não podemos
limitar a liberdade do Charlie
Jornal judeu
ultra-ortodoxo apaga mulheres da manifestação de Paris
Depois de ter condenado os ataques terroristas da semana
passada em França, referindo-se aos seus responsáveis como
"fundamentalistas religiosos", o Papa Francisco quis deixar claro,
nesta quinta-feira, que no seu entender há limites para a liberdade de
expressão e que "ninguém pode insultar a fé das outras pessoas".
A bordo do avião que o levou do Sri Lanka até às Filipinas,
para uma visita de cinco dias, Francisco disse que "todas as religiões que
respeitam a vida e a pessoa humana têm dignidade", quando questionado por
um jornalista francês sobre a liberdade religiosa e os limites da liberdade de
expressão.
Na pergunta de Sebastien Maillard, do jornal La Croix, não
estava nenhuma referência directa aos ataques terroristas contra o jornal
Charlie Hebdo e uma mercearia kosher em Paris, mas o Papa fez questão de
sublinhar que era sobre isso que ia falar: "Falemos com clareza. Vamos
falar sobre o atentado em Paris."
"A liberdade religiosa e a liberdade de expressão são
ambos direitos fundamentais", começou por dizer o Papa, antes de proferir
uma outra declaração definitiva: "Não se pode matar em nome de Deus. Matar
em nome de Deus é uma aberração."
Apesar de tudo, defendeu o Papa Francisco, há limites para a
liberdade de expressão: "Temos a obrigação de dizer a verdade abertamente, mas sem
ofendermos."(1)
Para o líder da Igreja Católica, ninguém pode estranhar que
se responda com violência quando se "ridiculariza as religiões dos
outros", um argumento que ilustrou com a ajuda de Alberto Gasbarri,
responsável pela organização das visitas papais.
"É verdade que não devemos reagir com violência, mas se
o dr. Gasbarri, que é um grande amigo, ofender a minha mãe, deve estar
preparado para levar um soco. É normal. Não se pode provocar, não se pode
insultar a fé dos outros. Não se pode ridicularizar a religião dos
outros", afirmou o Papa Francisco.
"Há muita gente a difamar as religiões, a ridicularizar
as religiões dos outros, e isso provoca as
pessoas", reforçou. "Há um
limite. Todas as religiões que respeitam a vida e a pessoa humana têm
dignidade. E eu não posso brincar com ela. É um limite."
Na segunda-feira, o líder da Igreja Católica tinha comentado
os ataques terroristas da semana passada sem qualquer referência ao tema da
liberdade de expressão.
"Ainda antes de eliminar seres humanos em assassinatos
horríveis, o fundamentalismo religioso elimina o próprio Deus, transformando-o
num mero pretexto religioso", disse o Papa Francisco na Santa Sé.
Na primeira edição depois do massacre de quarta-feira da
semana passada, o jornal satírico Charlie Hebdo voltou a pôr na primeira página
uma caricatura do profeta Maomé, mas também reservou espaço para referências à
Igreja Católica e ao Papa Francisco.
O novo director, Gérard Biard, assina um editorial repleto
de críticas ao que considera ser a hipocrisia de algumas reacções após o ataque
terrorista, e diz que o maior motivo de riso na redacção foi o facto de os
sinos da catedral de Notre Dame terem repicado em honra do jornal.
"Na última semana, o Charlie, um jornal ateu, fez mais
milagres do que todos os santos e profetas juntos", escreve Biard, sublinhando,
com ironia, que o jornal conquistou "muitos novos amigos".
O editorial termina com uma referência directa ao Papa,
lembrando a entrada de oito mulheres do movimento feminista Femen na Catedral
de Notre Dame, em Fevereiro de 2013, num protesto que serviu para marcar a
renúncia do Papa Bento XVI: "Queremos enviar uma mensagem ao Papa
Francisco, que também 'é Charlie' esta semana: não aceitamos que os sinos de
Notre Dame repiquem em nossa honra a não ser que sejam tocados pelas activistas
da Femen."
NOTA PESSOAL: Gostamos da entrevista do Papa Francisco sobre
os atentados em Paris. Estamos de acordo palavra a palavra com o que disse o
líder da igreja romana. Receamos uma frase que sublinhamos a vermelho e é a
seguinte: "Temos a obrigação de dizer a verdade abertamente, mas sem
ofendermos."(1)
A questão é sem “ofendermos” os muçulmanos sentem-se ofendidos
pelas caricaturas a Maomé… certamente têm razão! Lembro um episódio
relativamente recente em que um “pastor” dava pontapés numa imagem da virgem
Maria. Creio que isso é uma ofensa à sensibilidade de cristãos que veneram a
virgem Maria. Mas, muitos dirão: Maomé não é um santo e tem escritos que
incitam à violência. Outros dirão a ofensa não foi à virgem Maria mas uma “imagem
que não deve ser adorada.” É vaga essa afirmação é uma verdade que pode ser
relativizada e convenhamos, a igreja romana tem ao longo dos séculos
relativizado muito. Deixem que vos lembre em dois trechos essa realidade:
“Os valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a
obter a tradução das Sagradas Escrituras. Centenas de anos antes da Reforma,
possuíam a Bíblia em manuscrito, na língua materna. Tinham a verdade
incontaminada, e isto os tornava objeto especial do ódio e perseguição.
Declaravam ser a Igreja de Roma a Babilónia apóstata do Apocalipse, e com
perigo de vida erguiam-se para resistir a suas corrupções. … Durante séculos de
trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que negavam a supremacia
de Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e guardavam o verdadeiro
sábado. Sob as mais atrozes tempestades da oposição conservaram a fé.
Perseguidos embora pela espada dos saboianos (França) e queimados pela fogueira
romana, mantiveram-se sem hesitação ao lado da Palavra de Deus e de Sua honra.”
Grande Conflito p. 65.2
Uma outra tão esclarecedora como esta: “Quando as igrejas do
nosso país, ligando-se em pontos de doutrinas que lhes são comuns,
influenciarem o Estado para que imponha seus decretos e lhes apoie as
instituições, a América Protestante terá então formado uma imagem da hierarquia
romana. Então será a verdadeira igreja assaltada pela perseguição, como o foi o
antigo povo de Deus.” {HR 381.2}
Não será uma blasfémia mudar o sábado para o domingo?
Não será um engano diabólico ensinar que a alma é imortal?
As Santas Escrituras, dizem o contrário, tanto em um caso
como no outro!
Se uma igreja se levanta e proclama estas VERDADES não será
isto considerado “ofensa” pela igreja romana?
José Carlos Costa
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