O Vaticano suspendeu, até nova ordem, o bispo Franz-Peter
Tebartz-van Elst, que causou escândalo na Alemanha ao gastar milhões na
renovação da residência episcopal, num caso que indignou os fiéis e embaraça o
Papa que, desde a sua eleição, se comprometeu com uma “Igreja pobre para os
pobres”.
O afastamento do “bispo do luxo”, como é conhecido na
Alemanha, poderá ser um primeiro passo para a demissão, pedida numa carta
aberta subscrita por quatro mil leigos e padres de Limburgo (diocese no Oeste
da Alemanha, que integra Frankfurt). Mas uma decisão só será tomada depois de
concluído o inquérito aberto pela Conferência Episcopal.
“Foi criada uma situação em que o bispo não pode continuar a
exercer os seus deveres”, adiantou o Vaticano em comunicado, dizendo que o Papa
achou “oportuno autorizar o monsenhor Tebartz-van Elst a um período de licença
fora da diocese”, que ficará entregue a um vigário-geral.
Há muito que o seu estilo autoritário e o apreço pelo
estatuto associado ao cargo desagradavam aos fiéis, mas a tempestade estalou
quando, em 2012, a Der Spiegel revelou que o bispo viajou em primeira classe
numa deslocação à Índia para apoiar programas de apoio a crianças exploradas. O
bispo processou a revista, assegurando em declarações ao tribunal que viajara
em executiva.
No artigo era já denunciada a “multimilionária” renovação da
residência episcopal, numa diocese “onde não há dinheiro suficiente para a
manutenção das igrejas”. Mas o escândalo só atingiu proporções nacionais
quando, neste Verão, a diocese revelou finalmente que as obras, inicialmente
orçadas em dois milhões de euros, custaram 31 milhões (chega mesmo a falar-se
em 40 milhões).
Além do apartamento pessoal, o complexo inclui uma capela
privada, que custou mais de dois milhões de euros, jardins, um museu, sala de
conferências e biblioteca. Tebartz-van Elst respondeu que as obras foram
encomendadas pelo antecessor e que muito do que foi construído não se destinava
ao seu uso pessoal. Mas a defesa caiu por terra quando a imprensa revelou que
gastara 600 mil euros em obras de arte, 15 mil numa banheira e muitos milhares
em alterações de última hora.
A Conferência Episcopal, até então solidária, abriu um
inquérito, centenas de fiéis abandonaram a Igreja Católica e o Papa enviou um
investigador a Limburgo. Na semana passada, depois de ter ficado a saber que
será acusado de perjúrio no processo contra a Spiegel, viajou num voo de baixo
custo para Roma, onde esperou uma semana até ser recebido por Francisco, o
mesmo Papa que, nas últimas semanas, criticou os padres que conduzem carros de
alta cilindrada e os “príncipes da Igreja” que passam mais tempo nos aeroportos
do que nas suas dioceses.
“Com esta decisão, o Papa dá os primeiros passos para um
novo começo na diocese de Limburgo”, reagiu Alois Glueck, porta-voz do
principal grupo de leigos católicos alemães.
Comentário Pessoal:
Pelo que se vê a casa já está feita. Deve ter começado no tempo de João Paulo
II e continuado com Bento XVI. Todos ficaram em silêncio, silêncio no
dicionário quer dizer: ninguém disse nada. Ora se os dois papas anteriores
ficaram em silêncio quer dizer: coniventes. Então o papa Francisco ainda não
percebeu o que está a fazer?
Vamos ver se o homem que agora faz voto de pobreza se mantém
assim por muito tempo. Não faz parte da tradição da Igreja Católica Romana e
para o confirmar ler o livro o Grande Conflito ou outro livro sobre a história
dos papas.
Para mim, tenho que o papa Francisco quer pôr as unhas de
fora. A sua finalidade deve ser outra. Será que ele quer impor-se como o Papa do fim dos
tempos? Se assim é, então, está bem!
José Carlos Costa